Capoeiristas brasileiros se apresentarão com artistas japoneses na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), nesta sexta-feira (26), em Paris, na França. O evento, intitulado Olhares cruzados sobre as artes marciais e a capoeira, faz parte do projeto da Unesco de contribuição para a paz, o desenvolvimento humano e a segurança no mundo.

O espetáculo consiste em um diálogo entre os praticantes de Ogetsu-ryu, dança e arte marcial japonesa, e a capoeira. A apresentação tem como proposta possibilitar o encontro de manifestações culturais semelhantes, mas de origem geográficas e históricas distintas, promovendo um diálogo intercultural.

O grupo baiano que participa do evento é formado por três mestres e quatro professores que se destacam nos segmentos de capoeira angola, regional e contemporânea. Para Mestre Sabiá, responsável pelo grupo e pelos projetos Ginga Mundo – Encontro Internacional de Capoeira e Manifestações Afro-culturais – e Vadeia Mundo Vadeia, “a experiência é gratificante, pois confirma que para a cultura e arte não existem países separados, mas um mundo unido”.

A possibilidade de veicular a capoeira é fundamental, lembra Mestre Sabiá, pois “ela é a principal forma de divulgação da língua portuguesa no mundo, além de ter sido classificada como manifestação do patrimônio imaterial do Brasil em julho deste ano”.

As manifestações brasileira e japonesa se aproximam pelo uso do corpo e do espaço. “O encontro, que objetiva a promoção da diversidade cultural, busca mostrar que é possível a comunicação sem palavras, apenas com expressões corporais”, explica a assessora de relações internacionais da Secretaria de Cultura, Monique Badaró. A iniciativa, da Unesco é feita em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Cultura da Bahia (Secult).

Publicações

A capoeira brasileira tem sido divulgada fora do país com a edição 14 da coleção Textos do Brasil, distribuída gratuitamente no exterior. A obra, publicada pelo Ministério das Relações Exteriores, contou com o apoio da Secult e foi apresentada em Manágua (Nicarágua), em 31 de agosto, e Washington (Estados Unidos), em 13 de setembro. Em 27 de outubro, será divulgada em Luanda (Angola).

Herança deixada pelos escravos africanos, a capoeira é reconhecida mundialmente como esporte, dança, manifestação artística e recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, a partir da reunião do Conselho do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), realizada, em 15 de julho de 2008, no Palácio Rio Branco