Possibilitar às crianças, adolescentes, adultos e o pessoal da terceira idade a prática do esporte, no bairro, como uma forma de integrar, interagir, incluir socialmente, é o principal objetivo do projeto Esporte, Lazer e Inclusão Social no Nordeste de Amaralina. O projeto será realizado nos próximos quatro meses, pela Sudesb, nas quadras das escolas públicas, no Centro Social Urbano (CSU), na orla e na praia. O convênio foi celebrado na tarde desta sexta-feira (03), na sede da Associação Educacional Social Ágape (Aesa), na presença de dezenas de integrantes do projeto.

“Pensamos este projeto visando garantir o direito ao lazer, saúde, inclusão social em uma comunidade carente de Salvador, articulando e adequando as práticas esportivas para suas realidades”, adiantou o Diretor Geral da Sudesb, Raimundo Nonato Tavares da Silva (Bobô). A novidade é que os próprios moradores foram ouvidos para opinar sobre as modalidades esportivas e, alguns, vão desenvolver atividades como mestres, professores e estagiários habilitados nas modalidades de ginástica, futebol de campo, voleibol, boxe, karatê, capoeira e natação.

Dona Maria Azevedo, de 71 anos, que participou no ano passado do mesmo projeto, disse cheia de emoção que o mesmo é ousado por atender crianças, jovens, adultos e idosos, oferecendo boas atividades e elevando ao auto-estima das pessoas. “Eu sofro com a artrose, que me dói muito. Mas ela não me impede de fazer a minha ginástica todos os dias. E olha que é o meu filho quem orienta esta modalidade. Mesmo sendo eu a sua mãe, ele não dá nenhum desconto, ou seja, não faz R$ 1,99. Ele dá é por R$ 2,00 mesmo”, disse, fazendo todos rirem.

O presidente da Aesa, Antônio Carlos de Jesus Silva, também muito feliz com o retorno da iniciativa explicou que “esta renovação de convênio é um incentivo a mais para os profissionais e também para o público beneficiado. Ano passado tivemos mais de duas mil pessoas integradas, praticando as diversas modalidades e conseguimos envolver bem toda a comunidade”.

O professor de voleibol e ginástica, Ronaldo dos Santos, que atuou como voluntário no programa, confirmou a carência da comunidade do bairro com a falta de atividades esportivas. “No Nordeste de Amaralina só tem gente boa. Algumas é que não prestam. Por isso, nós merecemos ter do Governo do Estado a atenção que agora estamos recebendo da Sudesb”, ressaltou.

Projeto

O Esporte, Lazer e Inclusão Social no Nordeste de Amaralina consiste no oferecimento de aulas de iniciação desportiva para crianças e adolescentes e atividades físicas orientadas para adultos.

As crianças e os adolescentes farão as aulas em turno oposto ao do horário da escola, onde serão trabalhadas as valências físicas, emocionais, afetivas e cognitivas das crianças. Todas as modalidades terão, em seu programa, jogos pré-desportivos, incluindo fundamentos, regras, técnicas e táticas para a prática do esporte.

Paralelamente serão desenvolvidas ações, esclarecimentos sobre a individualidade biológica, controle emocional na prática do esporte, aptidão física do desportista, cuidados com alimentação e saúde como fatores fundamentais para um bom desempenho esportivo. Também serão trabalhados valores como respeito a si e ao outro, assiduidade, responsabilidade, ética, cidadania, aceitabilidade (respeito às diferenças), como atitudes essenciais ao verdadeiro esportista.

Os adultos participarão das atividades físicas orientadas realizadas pela manhã e à noite onde serão informados, por meio de palestras, quais os cuidados que devem tomar para praticar exercícios físicos de maneira segura, melhorar a qualidade dos alimentos ingeridos e perceber a importância que a atividade física tem na qualidade de vida.

Ao término do projeto, será feita uma pesquisa com os participantes, buscando saber até que ponto foi válido a permanência deles no programa e qual a contribuição do mesmo para suas respectivas vidas. A pesquisa será o principal instrumento de aferição da eficácia deste trabalho para outros projetos que a Sudesb tem e desenvolve nos quatro cantos do Estado.

O bairro

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2002 mostrou estatisticamente que o desemprego é um dos problemas mais graves que atingem o bairro. A população economicamente ativa, com ocupação e renda, é inferior ao da cidade de Salvador (49,5%), e que os bairros no entorno têm uma população estimada em 320 mil pessoas. Sozinho, o Nordeste de Amaralina tem 82.976 pessoas distribuídas entre os bairros.

Resultante da ocupação desordenada, que aconteceu na cidade em anos passados, o Nordeste de Amaralina se estende do Parque Joventino Silva (Parque da Cidade), passa pela Santa Cruz e Itaigara até a orla marítima, praia de Amaralina. Faz fronteira com o Rio Vermelho e Pituba. A explosão populacional fez aumentar os registros de violência, escassez de moradias, desemprego, falta de lazer, de boa alimentação, saúde, educação.