Mais de 1 milhão e 100 mil moradores de Salvador e Lauro de Freitas serão beneficiados com a construção e operação do sistema de disposição oceânica do Jaguaribe, dispositivo de tratamento de esgoto que integra o emissário submarino da Boca do Rio, em regime de Parceria Público Privada (PPP). O acordo foi assinado nesta terça-feira (28), no Palácio de Ondina, residência oficial do governador da Bahia, Jaques Wagner, com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva.

A conclusão da obra está prevista para 2010, quando espera-se que 90% da população de Salvador tenha cobertura de saneamento básico. O custo total do empreendimento é de R$ 205 milhões, sendo que R$ 173,8 milhões serão financiados pelo governo federal, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e os 30% restantes da iniciativa privada (Odebrecht).

A PPP prevê a construção do emissário submarino da Boca do Rio, do emissário terrestre, da ampliação da estação elevatória de esgoto do Saboeiro, da construção da estação de condicionamento prévio e da linha de recalque. A implantação do sistema de disposição oceânica do Jaguaribe vai permitir o tratamento e a disposição final, de maneira rápida e segura dos esgotos gerados em Salvador e Lauro de Freitas.

Segundo o diretor de desenvolvimento institucional do Ministério das Cidades, Elcione Macedo, a PPP de Salvador “será a primeira do gênero na área de saneamento do Brasil". A apresentação técnica do projeto foi feita segunda-feira passada (27), em entrevista coletiva à imprensa, na Caixa Econômica Federal do Stiep.

Tratamento com métodos não destrutivos

O diretor operacional da Embasa, Eduardo Araújo, informou que na construção do dispositivo de tratamento de esgoto vão ser usados métodos não destrutivos e que o mecanismo foi projetado para oferecer o menor risco possível ao meio ambiente. "O Emissário Submarino da Boca do Rio irá veicular esgoto eminentemente doméstico. Os riscos à população são praticamente nulos", garantiu. De acordo com o diretor do Consórcio Jaguaribe, Raul Pereira, as obras foram iniciadas desde o dia 31 de maio deste ano. A construção e a operação do projeto ficarão a cargo da empresa Jaguaribe Construção e Locação, com financiamento da Caixa Econômica Federal. As obras já avançaram para a Avenida Jorge Amado.

Um dos poços, por onde vai ser implantada a tubulação de concreto do emissário terrestre, está pronto. Mais três poços estão sendo escavados ao longo da avenida. "No dia 18 de novembro, chega em Salvador um equipamento importado, chamado pipejacking, para instalação da tubulação subterrânea sem a necessidade de escavar o trecho por onde ela vai ser assentada", anunciou Raul. Segundo ele, o pipejacking vai provocar menos transtornos à comunidade e ao entorno da obra.

Os responsáveis pela construção do emissário observaram que já foi concluída a montagem do primeiro tramo, implantado a partir da termofusão de tubos em PEAD, material termoplástico adequado para tubulações que sofrem impactos. Os três tramos restantes ainda estão sendo montados num estaleiro de Mapele, na Baía de Aratu. A balsa que servirá de base para os mergulhadores e operários assentarem o emissário no fundo do mar está em fase de conclusão no Porto de Salvador.

Araújo informou ainda que o Governo do Estado optou pela construção do emissário submarino da Boca do Rio, porque o emissário do Rio Vermelho, que tem mais de 30 anos, está operando com sua capacidade máxima (8.300 litros de esgoto p/s). “A construção deste novo dispositivo de esgotamento sanitário é uma solução segura e eficiente. Significa que vamos dar mais atenção às praias de Salvador, melhorando suas condições de balneabilidade”, finalizou.