A Bahia tem dialogado cada vez mais com países do continente africano. Em setembro deste ano, o governador Jaques Wagner esteve na África, sendo a primeira vez que um chefe do Executivo baiano visita oficialmente o país. Hoje, as relações do Estado com a África não se restringem apenas às matrizes culturais e históricas, mas abrangem também questões econômicas, educacionais, tecnológicas, ambientais e políticas.

Com o propósito de estreitar mais ainda essa relação e de construir políticas públicas para fortalecer o desenvolvimento de uma cooperação técnica, com foco na sustentabilidade hídrica, representantes do Governo do Estado e de países africanos de língua portuguesa se reuniram, nesta sexta-feira (17), na sede do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), no Itaigara.

Participaram, o diretor da autarquia, Júlio Rocha, a secretária de Promoção da Igualdade (Sepromi), Luiza Bairros, a assessora de Relações Internacionais do Estado, Fernanda Regis, e os representantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Domingos Simões Pereira, da Guinmé-Bissau, e do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Lauro Moreira.

As autoridades baianas falaram do desejo de realizar parcerias pautadas em ações concretas, em áreas como educação, meio ambiente e tecnologia. A Sepromi e o Ingá apresentaram o projeto do Fórum África – Brasil – Bahia pela Sustentabilidade das Águas, que acontecerá nos dias 3 e 4 de dezembro, em Salvador.

O secretário executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, mostrou-se entusiasmado com o evento e confirmou não só a participação da entidade como também as presenças dos países Moçambique e Guiné-Bissau.

Simões destacou o esforço do Brasil para estar sempre presente na CPLP e ajudá-la a avançar. “Temos boas expectativas neste intercâmbio, para vencermos nossos desafios. Nas questões relacionadas à água e ao meio ambiente temos muito a evoluir. Em todos os países membros da CPLP existe muita água, mas quanto a abastecimento e outros usos, temos muitos problemas a resolver”, explicou.

Para o embaixador Lauro Moreira, os projetos de cooperação devem ter caráter multilateral, ou seja, se estenderem além dos países ligados diretamente aos acordos. Segundo ele, os convênios devem tratar de temas pontuais, concretos, e que possibilitem a conscientização e a sensibilização das pessoas em relação ao meio ambiente.

Além da questão hídrica, a desertificação é outro tema ambiental presente da agenda da CPLP, que o governo estadual tem trabalhado políticas públicas de enfrentamento. Na Bahia, mais de 60% do território está em áreas vulneráveis ao fenômeno. Em Guiné-Bissau, por exemplo, 85% da população usam o carvão como forma de energia, o que causa muitos desmatamentos no país e, conseqüentemente, aumenta a incidência de áreas desertificadas.