A mulher vem se firmando cada vez mais no mercado de trabalho, ocupando cargos de comando e sendo chefes de família. É o que indica as análises da série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2007.
Percebe-se uma presença substancial da mulher em territórios tradicionalmente masculinos como nas corporações militares.

No alto escalão militar é crescente a presença de oficiais femininos. O contingente feminino da Polícia Militar da Bahia, por exemplo, é o maior do Brasil em termos proporcionais, correspondendo a 14% do efetivo da PM baiana, o que equivale a 3.800, do total da corporação – 27 mil.

A escolaridade da PM feminina baiana é mais elevada que a masculina e também segue a tendência dos outros setores, onde a mulher vem se impondo. De acordo com o assessor de comunicação da PM, coronel André Souza Santos, a maioria das policiais militares femininas tem nível superior e pós-graduação.

Quando implantou a polícia de cavalaria feminina, na Bahia, em 1996, o coronel André apostou na força da mulher e na capacidade delas de executar tarefas reservadas ao mundo masculino. Segundo ele, o resultado foi positivo. “Elas surpreenderam. São mais compromissadas, detalhistas e, acima de tudo, agem com equilíbrio e sensibilidade em situações de conflito”, ressaltou.

A capitã Denice Santiago resume o pensamento do coronel. Ela foi da primeira turma da Academia Militar a se formar, aos 37 anos. Casada e mãe de uma filha de 7 anos, não se acomodou com seu posto de oficial. Preocupada com os altos índices de depressão entre suas colegas de farda, resolveu fundar o Centro de Referência Maria Felipa para dar apoio e assistência psicossocial ao segmento da Polícia Militar Feminino.

O centro funciona há dois anos, na unidade de recursos humanos da PM, nos Barris. Realiza estudos relativos à saúde ocupacional da policial, oferece suporte em assuntos de gênero no âmbito da instituição e orientação para combater todas as formas de discriminação.

Apesar das conquistas dentro da corporação, as PMF ainda se sentem discriminadas por uma parcela da sociedade. “Ser uma mulher já descaracteriza a profissional da PM feminina. Por isso temos que nos impor dia-a-dia”, declara Denice.
“Somos bem aceitas pelo público infantil e pelos idosos. Os jovens de um modo geral nos descredibiliza, pois só reconhecem nosso valor quando mostramos nossa força”, disse a soldado Andréia Dórea.

PM Feminina

A Companhia de Polícia Militar Feminina existe há 19 anos. Foi criada em 12 de outubro de 1989, sob a égide da Constituição de 1988, que ratificou uma verdade universal: homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.

Quem foi Maria Felipa?

Símbolo de resistência, coragem e luta feminina, Maria Felipa, mulher de origem humilde, liderou, em 1823, dezenas de homens, mulheres e índios na queima de 42 embarcações que estavam aportadas na praia do convento para atacar Salvador. É conhecida como a primeira heroína negra da independência da Bahia.