Não maltratar os animais. Cuidar das plantas para que, no futuro, a natureza não se rebele contra ação predatória do homem, por meio de desequilíbrios ecológicos como a seca e o aquecimento global. Tudo isso e muitos mais aprenderam as crianças da Creche Mundo Feliz, de Santa Luzia do Lobato, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, ao visitar, nesta sexta-feira (24), o Jardim Zoológico, onde conheceram e souberam que o hipopótamo quando está embaixo d’água é capaz de prender a respiração por 15 minutos.

Durante a visita, que aconteceu no penúltimo dia da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Bahia, eles aprenderam que Ciência está em toda a parte, como no ar que se respira e até no sol de uma manhã de primavera. A semana é coordenada, na Bahia, pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e será encerrada neste sábado.

Os estudantes da rede pública e privada de ensino, as crianças do pré-escolar e das creches, os professores e visitantes que foram ao Zôo perceberam que não havia um lugar mais indicado para uma aula de Ciências Naturais, no evento nacional que, este ano, tem como tema “Evolução e Diversidade”, em homenagem aos 150 anos da Teoria da Evolução das Espécies por meio da Seleção Natural.

“O motivo que me traz aqui é despertar nos meus alunos a curiosidade pelas descobertas científicas e o gosto pelas ciências”, disse a professora Maria Célia Daltro, que ensina Língua Portuguesa e Artes na Escola Estadual Lindenbergue Cardoso, em Mirantes de Periperi.

Com a professora foram ao Zôo outros dois docentes e toda a turma da 5ª série do ensino fundamental. O aluno Adriel Santos, 14 anos, gostou mais das noções sobre higiene e os meios de evitar as doenças parasitárias, que aprendeu com o Projeto Ciência na Estrada, da Fiocruz-Bahia.

“Eu não sabia que um monte de verminoses pode ser evitado com uma simples lavagem de mãos. Agora vou me prevenir mais”, observou o adolescente. Já Adriel gostou mesmo foi de ver a enorme cobra sucuri tentar fugir de um grupo de funcionários do Zoológico, que conseguiu capturá-la e fotográ-la com a boca aberta. “Não dá para acreditar que ela é capaz de engolir um boi inteiro”, duvidou o menino.

Curiosidade

Responsável pela gestão administrativa do projeto Ciência na Estrada, Eduardo Zanatta considerou muito positiva a participação da Fiocruz-Ba na Semana Nacional de C&T na Bahia, já que a iniciativa está também voltada para a qualificação de professores nas áreas de ciências e o fluxo de visitantes foi muito bom. “Conseguimos chamar a atenção das crianças e instigar nos jovens, a curiosidade pelos programas de saúde pública, como a higienização”, ressaltou Zanatta.

Doutorando em Biotecnologia e Medicina Investigativa pela Fiocruz-Ba, Eliomara Souza Sobral Alves acredita que eventos como a Semana Nacional de C&T têm o potencial de despertar a vocação dos futuros cientistas. “Acho que conseguimos fazer a divulgação do conhecimento científico para as diversas comunidades e que essa semente foi plantada na consciência de muitos jovens. Todos saíram daqui sabendo que, pelo menos, 45% das doenças parasitárias podem ser evitadas com uma simples lavagem de mãos”, reforçou.

Professor de Filosofia do Colégio Alberto Silva, em Simões Filhos, na Região Metropolitana do Salvador, Manuel Pereira Lima Júnior, levou seus alunos para a Semana Nacional de C&T. Mas, o que a Filosofia tem a ver com as ciências? O professor responde: “A Filosofia lida com tipos de argumentos que validam o conhecimento científico, como, por exemplo, o raciocínio lógico. Ela articula a relação entre as Ciências Humanas e Naturais”.

Indiferente à Filosofia e ao raciocínio lógico, mas impressionada com a quantidade de bichos no Zôo, a garotinha Karine Silva, 5 anos puxou a mãe (a comerciária Sônia Regina Silva), pelo braço e a convidou para ver o “hipopoto”. Ela ainda não sabe, mas, com o gesto, não deixou de demonstrar a curiosidade científica.