A renegociação das dívidas dos produtores de cacau, com a obtenção de novos créditos, a diversificação agrícola e a implantação de fábricas de chocolate. Essas ações, que fazem parte do Plano de Desenvolvimento e Diversificação Agrícola na Região Cacaueira, o PAC do Cacau, foram avaliadas esta segunda-feira (3), na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em Ilhéus.

O encontro contou com a presença do secretário estadual da Agricultura, Geraldo Simões, e de dirigentes da Ceplac, Associação dos Produtores de Cacau (APC), Câmara Setorial do Cacau, Cooperativa Cabruca, Instituto Biofábrica, Adab e EBDA.

Cerca de 80% dos 10 mil produtores que possuem dívidas junto às instituições financeiras aderiram à proposta de renegociação junto ao Banco do Nordeste. O prazo de adesão termina no próximo dia 14 e os descontos podem chegar a 80% do valor do débito, com prazo máximo de pagamento em 12 anos, com quatro de carência.

“A renegociação das dívidas é fundamental para que o agricultor possa obter novos créditos para modernizar e ampliar a produção, através de plantas mais resistentes e com maior produtividade e a adoção de novas técnicas de manejo”, afirmou Simões.

Além da questão das dívidas e da liberação de novos créditos, estão previstos recursos para o cultivo de dendê, seringueira, pupunha, flores e frutas e a agroindústria, por meio da instalação de fábricas de chocolate. Uma unidade piloto foi instalada na Ceplac para processamento e beneficiamento de amêndoas de cacau – ela tem capacidade de processar 90 quilos de cacau por hora.

“A produção de chocolate é uma das alternativas para o sul da Bahia, porque, além da diversificação, elimina a dependência de uma única cultura”, explicou o presidente da Câmara Setorial do Cacau, Fausto Pinheiro.

Selo de origem

Outra opção viável, para Pinheiro, é a produção de cacau orgânico, que obtém um preço médio 80% superior ao cacau convencional. A Cooperativa Cabruca, da qual ele é um dos diretores, está exportando cacau orgânico para o Texas (EUA), Itália, Suíça e Alemanha.

“Na Suíça, o cacau será industrializado e o chocolate levará a marca da nossa cooperativa, abrindo novos mercados”, disse Pinheiro. O próximo passo é utilizar a unidade da Ceplac para a produção de chocolate em escala industrial.

Na reunião na Uesc, também foi debatida a criação de um selo de origem do cacau da Bahia, a exemplo do que acontece com os vinhos produzidos na Serra Gaúcha, a cachaça em Minas Gerais e o café em algumas regiões do país.

“Esse selo de origem, que aponta a identificação geográfica do produto, vai agregar valor ao cacau produzido no sul da Bahia, que, além da qualidade, tem o apelo da conservação da Mata Atlântica”, destacou Durval Libânio, da Cooperativa Cabruca.

O PAC do Cacau, implantado pelo governo federal com a participação do governo da Bahia, prevê investimentos de R$ 2,2 bilhões.