A história e a cultura negras narradas por meio das letras das canções de blocos afros. Este será o tema do último encontro promovido pelo projeto Segundas da Literatura Negra, na segunda-feira (24), às 17h, na Biblioteca Pública do Estado (Barris).

Para encerrar esta edição do projeto, que integra o Programa Novembro Negro 2008, conjunto de atividades que celebra o Mês da Consciência Negra, foram convidados a professora Ana Célia Silva, integrante do Conselho Estadual de Cultura e autora de livros sobre a temática racial, e o compositor Adailton Poesia, autor de diversas canções para blocos afro como Olodum, Ilê Aiyê, Muzenza. Charme da Liberdade e Deusa do Amor são algumas das suas composições que fizeram sucesso na voz de intérpretes baianos.

“As letras destas canções são de fundamental importância por narrarem uma história que os currículos oficiais não contam. Muitas delas falam, por exemplo, de importantes revoltas sociais a favor da abolição, além de contestarem a realidade dos negros e negras, combatendo o preconceito e a discriminação racial”, ressalta a Ana Célia, autora do livro “A discriminação do negro no livro didático”.

A pesquisadora pretende contar, em sua palestra, como surgiram os principais blocos afros e as dificuldades que enfrentam para desfilar na maior festa de rua do mundo, o Carnaval soteropolitano.

Os participantes poderão conferir também uma apresentação musical com o compositor Adailton Poesia, que recitará poesias de sua autoria. “Pretendo resgatar canções da década de 70, quando surgiu o Ilê Aiyê, até os dias de hoje. Para mim, estas letras têm uma importância muito grande por falar principalmente da questão racial”, destaca. O Ilê Aiyê, criado em 1974, é o mais antigo bloco afro a desfilar no carnaval de Salvador.