A Fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), promove, na terça-feira (25), na Escola Estadual Luís Eduardo Magalhães , no bairro Tancredo Neves (Arenoso), a Jornada de Literatura.

A comunidade do antigo Beiru será beneficiada com oficinas de criação de textos em cordel, mitologia africana, contação de história, criação literária em poesia negra e criação literária em prosa, além de uma mesa de debates em torno do tema “A Comunidade Quilombola, memória e identidade”.

As atividades são gratuitas e acontecem das 9 às 18h. As inscrições podem ser feitas nos colégios Sérgio Carneiro, Zumbi, Helena Magalhães, Edvaldo Fernandes e no local onde será realizada a jornada, que contará com a participação da escritora angolana Isabel Ferreira, em visita a Salvador pelas comemorações do Mês da Consciência Negra.

Nascida em Luanda, Isabel Ferreira licenciou-se em Direito, em Angola, e em dramaturgia, na Escola Superior de Teatro e Cinema de Amadora, Portugal.

Publicou vários livros, entre eles, os de poesia, Laços de Amor, Caminhos Ledos, Nirvana, A Margem das Palavras, além de Fernando D’Aqui, escrito em prosa. O Guardador de Memórias, seu livro mais recente, é baseado no desabafo de mulheres angolanas insatisfeitas com a sua realidade social e sentimental.

O bairro

A história do Beiru está fortemente ligada à dos cultos afro, terreiros e, principalmente, com a história do seu primeiro morador – Miguel Arcanjo, conhecido como Beiru.

Negro escravizado, Beiru herdou as terras que anteriormente pertenciam à família Hélio Silva Garcia. Hoje, a área possui aproximadamente um milhão de metros quadrados.

Seu atual nome – Tancredo Neves – tem sido motivo de constantes debates e reivindicações da comunidade, que lutam pela valorização deste legado histórico e oficialização do nome negro para o bairro, que tem população de aproximadamente 180 mil habitantes.

Por não ter herdeiros libertos, as terras voltaram a pertencer à família de origem, que resolveu homenagear o “Preto Beiru”, como era conhecido, dando o nome Beiru à sua fazenda.

As mesmas terras foram posteriormente vendidas a Miguel Arcanjo, primeiro residente da área. Já em 1910, Arcanjo viria a fundar um Terreiro de Candomblé no local onde situava-se a casa grande da Fazenda Beirú. Foi assim que nasceu, em 1912, a Nação de Amburaxó, na área conhecida como Jaqueira da Cebolinha, que atualmente dá nome ao Largo do Anjo-mau.

Em 2007, Grupo Mundo Negro lançou a cartilha Beirú, na série de lançamentos de autores negros realizado pela Fundação Pedro Calmon. A cartilha traz a história do Bairro Beiru (Quilombo Urbano), por meio de depoimentos, fotos e relatos de moradores, além de pesquisas que abrem a discussão sobre o histórico e a origem do nome Beiru.