A região do Recôncavo Baiano, mais exatamente os municípios de Maragogipe e Saubara, vai abrigar o primeiro Pólo da Industria Naval da Bahia para a fabricação de navios e embarcações de grande porte. O projeto, que terá investimentos de R$ 2 bilhões da iniciativa privada e deverá gerar mais de 10 mil postos de trabalho, foi detalhado pelo governador Jaques Wagner durante a abertura da VI Feira Internacional de Fornecedores de Petróleo, Gás, Mineração, Química, Usinagem, Siderurgia, Papel e Celulose e Meio Ambiente (Feippetro) – Bahia 2008, nesta terça-feira (11), no Centro de Convenções.

O evento vai reunir até sexta-feira, mais de 15 mil pessoas entre empresários, fornecedores, expositores e participantes de todo o país interessados nas áreas de petróleo, gás e tecnologia.

Wagner explica que o projeto, idealizado pelo Governo do Estado, com apoio do Governo Federal e da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), inicialmente e que prevê a implantação de três estaleiros, foi concebido com a preocupação de atender os mais rigorosos princípios de sustentabilidade, como também respeitar a diversidade cultural local e o diálogo com a sociedade.

“O lançamento de um empreendimento como esse é como firmar a base para a retomada de um processo de crescimento econômico, uma vez que o Brasil e o mundo vivem uma turbulência com a crise financeira global”, afirmou o governador. Wagner voltou a criticar o mercado especulativo e anunciou que viaja para a Suécia no fim desta semana a fim de garantir investimentos para a ampliação de uma fábrica de celulose e buscar recursos para a instalação de um pólo moveleiro no Extremo Sul.

Outro aspecto considerado na elaboração do projeto é a qualificação da mão-de-obra da região. Segundo informações da Secretaria Estadual da Industria, Comércio e Mineração (SICM), a capacitação profissional será possível por meio de parcerias entre o governo estadual e instituições como a Fieb e os serviços Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae). “Grandes empresas como OAS, Setal, Piemonte e Odebrecht já confirmaram participação no empreendimento. “A Bahia tem uma vocação muito grande e a maior costa do país, o que a credencia para sediar um empreendimento como esse. O Maior desafio é preparar e qualificar a mão-de-obra para atender as demandas das empresas”, avalia o titular da SICM, Rafael Amoedo.

O vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval (Sinaval), Reinaldo Pinto dos Santos, ratifica as declarações do secretário e acredita que o pólo naval baiano vai alavancar a economia local. Segundo ele, quando entrar em atividade, o empreendimento deve atrair outros investimentos. “A TWB, mesma empresa que administra o Sistema Ferry-Boat, vai investir R$ 100 milhões em uma planta em Aratu e em seguida aportar recursos também no Pólo Naval”, afirmou.

O pólo deve ser implantado em duas fases, na área de influência da foz do Rio Paraguaçu. No local serão construídas plataformas de petróleo, navios Floating, Production, Storage and Offloading (FPSO), sondas de perfuração, petroleiros, além de embarcações de apoio, como barcos de suprimento e para ancoragem de plataformas em alto mar, combate a derrames de óleo e outro fins. O Pólo Naval vai fabricar plataformas, navios, peças e pequenas embarcações. O principal cliente na fase inicial do projeto será a Petrobras.

O local terá ainda potencial para a realização de conversões de cascos de navios para transformá-los em FPSO e/ou sondas de perfuração marítima.

De acordo com dados relativos ao segmento, a indústria naval mundial fatura, anualmente, uma média de US$ 120 bilhões e atravessa uma fase de aquecimento com a demanda da ordem de 4 mil navios.

A Petrobras está incluída neste cálculo, com uma demanda de 146 navios apoiadores de pequeno e médio porte, para operações petrolíferas em alto-mar. A Transpetro, empresa transportadora de combustíveis vinculada a estatal brasileira, também tem planos de adquirir 23 novas embarcações, que se somarão aos 26 petroleiros anunciados recentemente.