O combate aos incêndios na Chapada continuam. O Grupo de Trabalho formado pelas Secretarias do Meio Ambiente (Sema) e do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), pela Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e diversas instituições, se reuniu nesta terça-feira (11), no aeroporto do município de Lençóis, para traçar novas estratégias de combate.

Até agora são 31 municípios atingidos, e 20 deles decretaram estado de emergência. Os maiores focos estão concentrados em Mucugê e Lençóis e no Parque Nacional da Chapada Diamantina.

Além de um efetivo de 150 oficiais do Corpo de Bombeiros e mais 350 brigadistas voluntários trabalhando, a equipe conta com a ajuda de caminhões de bombeiro, helicópteros, pick ups, caminhões pipa e aeronaves air tractors (capazes de transportar até 3,8 mil litros d´água).

Na última semana, o avião ‘hércules’ da Força Aérea Brasileira (FAB), com capacidade para carregar mais de 10 toneladas de água, chegou para reforçar a ação. A aeronave está despejando o Licet-A, uma substância em pó, que diluída na água ajuda a bloquear o fogo e impedir que o incêndio recomece.

Segundo o chefe do Parque Nacional da Chapada, Christian Berlinck, as principais dificuldades são as condições climáticas. “Não chove aqui na região há mais de 120 dias. Isso, além da mudança constante dos ventos, dificulta muito a ação”, explicou. Berlinck disse ainda que os quatro principais focos do Parque já foram contidos e que o uso do Licet-A ajuda a conter a propagação do fogo, principalmente nas áreas mais secas da região.

De acordo com a Coordenação de Defesa Civil do Estado da Bahia (Cordec), os brigadistas voluntários recebem Equipamento de Proteção Individual (EPI) e cestas básicas para ajudar suas famílias, pois a maioria deles permanece dias em campo, combatendo o fogo. Durante a reunião, foi anunciada a chegada de mais equipamentos e veículos para ajudar na ação.

A empresária Olívia Taylor, é brigadista voluntária há 14 anos e garante que o trabalho voluntário é essencial para erradicar o incêndio na Chapada. “Esses voluntários merecem respeito, pois deixam suas casas durante dias, deixam suas famílias e muitas vezes mesmo muito feridos e cansados continuam seu trabalho”, afirmou.

Para o secretário de Desenvolvimento Social, Valmir Assunção, os resultados obtidos são o reflexo do trabalho feito em parceria entre as entidades governamentais e as instituições. “Nós iniciamos esse trabalho em julho deste ano e ainda temos muito o que fazer, mas essa união de forças é a solução para o controle dos incêndios”, garantiu. Assunção declarou ainda que os custos da operação para a Sedes e a Sema devem chegar a R$ 1,8 milhão.

“O que nós vemos aqui é uma integração inédita no Estado, mas para isso também é preciso uma maior participação dos municípios”, declarou o secretário do Meio Ambiente, Juliano Matos. Ele afirmou ainda que com uma participação mais efetiva dos municípios, poderão ser feitos convênios para remuneração dos brigadistas voluntários e a compra de mais equipamentos.

Ação criminosa

Segundo os dados do Corpo de Bombeiros, os incêndios na Chapada este ano tiveram início no mês de julho e os principais focos no Parque Nacional em outubro. Para a Polícia Civil, a causa principal dos incêndios pode ser criminosa, provocados tanto por pessoas que jogam restos de cigarro na mata quanto por proprietários de terras que põem fogo em suas plantações.

Para fazer denúncias de incêndios criminosos é preciso ligar para o Disque Meio Ambiente pelo telefone 0800-0711400. De acordo com dados da polícia, nas últimas três semanas 87 propriedades em 16 municípios foram visitadas e 57 pessoas foram autuadas por incêndios criminosos.