Em relação à denúncia de contaminação por urânio nas águas superficiais e subterrâneas de Caetité, o Governo do Estado da Bahia, por meio do convênio entre o Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá) e o Senai/Cetind, realizou na semana passada a coleta de amostras da água em sete pontos utilizados pela população do município.

Dos sete poços de água que tiveram amostras analisadas pela equipe do Programa Monitora, um deles apresentou contaminação por urânio acima dos limites mínimos permitidos pela Resolução do Conama 357/05.

Era o poço 67, utilizado para consumo por cinco famílias do distrito de Juazeiro, no município de Caetité. Considerando o princípio da precaução, os órgãos de meio ambiente e saúde do Governo do Estado decidiram pela suspensão do consumo da água deste poço específico. Foram tomadas as seguintes providências: interdição do poço pela Coordenação de Defesa Civil do Estado da Bahia (Cordec); fornecimento alternativo de água feito por carros-pipa e cisternas de emergência; e assistência médica às famílias.

O poço 67 não faz parte da relação dos pontos analisados pela Organização Greenpeace, que divulgou a possibilidade de contaminação através da imprensa. Ele foi incluído pelo Ingá na análise, diante do uso da comunidade. Em todos os demais pontos de água subterrânea e superficial no entorno da empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB), as análises não indicaram preliminarmente contaminação por urânio.

Os resultados preliminares não indicam se a contaminação encontrada foi provocada pela atividade de mineração da INB ou se é natural, devido à presença do urânio no solo da região. A radioatividade presente na água pode vir de contaminação natural pela situação geológica do local.

Diante desse fato, o Ingá realizará estudos de avaliação sobre o fluxo da água subterrânea a partir do mapeamento geológico da região. O órgão fará ainda o cadastramento dos poços existentes na região, a identificação do tipo de uso da água da população local para fazer o cruzamento dos dados existentes, mapear a geologia do local, a existência do urânio na água e a identificação de todos os riscos para uma avaliação mais precisa da qualidade da água. Todos os poços serão monitorados continuamente pelo Governo do Estado para melhor caracterização da qualidade da água.

O acompanhamento da situação está sendo feito pelo Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), autarquia da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, pela Secretaria Estadual de Saúde, por meio da Superintendência de Vigilância e Proteção à Saúde (Sesab/Suvisa), e pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza, por meio da Coordenação Estadual de Defesa Civil (Sedes/Cordec).

Os resultados laboratoriais foram entregues ao Ingá, mas o relatório conclusivo e detalhado do Senai/Cetind sobre a análise da água realizada em Caetité será entregue na sexta-feira, dia 7. Também nesta sexta-feira, às 18h, será realizada audiência pública em Caetité, convocada pelo Ministério Público Federal para esclarecer a comunidade sobre o assunto.