Há menos de um mês, Ana Carolina Carleto, 9 anos, descobriu ser portadora de diabetes do tipo 1, dependente de insulina. A descoberta foi um “susto” para toda a família, que agora já se mostra adaptada à situação e colabora com a rotina mais saudável da estudante, sobretudo com relação aos hábitos alimentares.

Ana Carolina é uma das crianças acompanhadas pelo Núcleo Infanto-Juvenil do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba) que, desde sexta-feira (14), pode contar com uma brinquedoteca, espaço reservado para que as crianças de 0 a 12 anos atendidas na unidade tenham a possibilidade de aprender sobre diabetes e como conviver com a doença.

A inauguração do equipamento foi uma das atividades desenvolvidas na unidade durante o Dia Mundial do Diabetes (14). Na ocasião, a diretora do centro, Reine Chaves, lembrou que, este ano, por recomendação da Federação Internacional de Diabetes, o tema escolhido para as comemorações da data foi “Diabetes nas crianças e adolescentes.Nenhuma criança deveria morrer de diabetes”.

Conforme a endocrinologista, estudos indicam que está havendo um aumento de 3% ao ano no número de crianças com a doença. Embora o diabetes infantil comum seja o do tipo 1, tem aumentado significativamente o número de crianças que desenvolvem a diabetes tipo 2, comum ao adulto, em função do crescimento da obesidade entre as crianças.

“Por essa razão, priorizamos as crianças e adolescentes, buscando chamar atenção para que nenhuma criança fique sem tratamento ou morra por causa da doença, considerada um problema de saúde pública”, enfatizou Chaves, acrescentando que a população precisa ser alertada para os sinais e sintomas do diabetes e todos os pais saberem sobre a doença e com deve ser tratada.

Alimentação saudável

Para Ana Carolina, que mora em Ilhéus e deverá fazer consultas mensais no Cedeba, a convivência com o diabetes, apesar da pouca idade, está sendo fácil. “Já sei como fazer o exame para medir a glicose, tirando um pouquinho de sangue do dedo, sei o que posso e o que não posso comer, que só posso exagerar com alimentos saudáveis como feijão, frutas e vegetais”, contou a garota, que tem sempre total apoio do pai, o delegado Gustavo Carleto.

Segundo ele, a partir do diagnóstico da doença, os cuidados com a filha foram redobrados, principalmente na escolha dos alimentos. “Todos da família se adequaram à dieta de Ana Carolina e passaram a ter uma alimentação mais saudável”, disse Carleto.

Para as crianças e adolescentes que, como Ana Carolina, recebem acompanhamento no Núcleo Infanto-Juvenil do Cedeba, o Dia Mundial do Diabetes foi especial. Eles participaram da inauguração da brinquedoteca, equipada com jogos e brinquedos especialmente criados pelo Núcleo de Educação em Saúde da unidade, para que as crianças aprendam a conviver com a doença, a se alimentar de forma adequada, entre outros aspectos importantes, enquanto brincam.

A programação do Núcleo constou também de distribuição de lanche saudável, sorteio de brindes, exibição de filmes educativos, oferta de serviços como dosagem de glicose e oficinas educativas.

Os adolescentes assistiram palestra sobre sexualidade, ministrada pelo professor Antônio Pedreira, que falou sobre a auto-estima e os aspectos psicológicos e emocionais dos portadores de diabetes.

Encontro com adultos

Diabéticos adultos acompanhados no Cedeba e de associações de diabéticos de Salvador e alguns municípios da região metropolitana também foram contemplados com uma programação especial.

No auditório do Centro de Atenção à Saúde Professor José Maria de Magalhães Netto (CAS), aproximadamente 200 pacientes se reuniram com profissionais da unidade para discutir sobre os diversos aspectos relacionados com a doença.

Na abertura do encontro, a diretora do centro chamou atenção para a importância da data, que é marcada por mobilizações em mais de 140 países, por iniciativa da Federação Internacional de Diabetes e, no Brasil, com apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes e Ministério da Saúde, por meio das secretarias estaduais de Saúde.

Reine Chaves falou ainda sobre o azul, cor que é símbolo da luta contra o diabetes, a qual, no dia, estava nas camisas dos envolvidos e na iluminação de importantes monumentos de cidades de todo mundo, inclusive o Elevador Lacerda, em Salvador, e o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

Prevenção

Representando o secretário da Saúde, Jorge Solla, a endocrinologista garantiu que a atual gestão da Sesab quer ampliar a assistência na atenção básica para que haja a detecção precoce e o tratamento adequado dos casos de diabetes. Também está fazendo articulações para que a rede hospitalar tenha uma maior assistência na atenção ao pé diabético e às demais complicações do diabetes.

Atualmente, o serviço já conta com o reconhecimento de organismos internacionais e os 15 anos de funcionamento do centro, que serão completados em 2009, terão uma comemoração antecipada na próxima semana – desta terça a sábado (22) – com a realização do primeiro módulo do Projeto de Capacitação e Mobilização Comunitária em Diabetes – Proced.

O projeto trará a Salvador profissionais de saúde de oito estados brasileiros e de três países de língua portuguesa, para serem treinados na atenção ao diabetes. As comemorações contaram com uma vasta programação, que incluiu distribuição de lanche e de material educativo, sorteio de brindes e palestras.