Profissionais de saúde de cinco estados brasileiros e de dois países de língua portuguesa – Guiné-Bissau e Moçambique – que participaram de 18 a 22 deste mês, no Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), do Projeto de Capacitação e Educação em Diabetes (Proced), conheceram no último sábado (22) uma atividade de mobilização comunitária, envolvendo pacientes e profissionais da unidade: a Universidade do Diabetes (Unidia).

Ela transformou o Cedeba num campus formado por sete faculdades, onde os participantes puderam vivenciar na prática como promover educação em saúde e como deve ser o autocuidado dos portadores de diabetes.

A Universidade do Diabetes foi aberta pelo secretário da Saúde, Jorge Solla, que, na condição de ‘reitor’, agradeceu a presença de todos os participantes, parabenizou a equipe do Cedeba pela iniciativa e falou sobre a importância do Proced, que poderá habilitar o serviço baiano como o primeiro do país e o terceiro da América Latina, considerado centro colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) na área de capacitação de profissionais para a atenção ao diabetes.

A diretora do Cedeba e ‘pró-reitora’ da Unidia, Reine Chaves, disse que o evento possibilita que os profissionais de saúde que participaram da capacitação observem na prática os conhecimentos repassados no curso.

Reine Chaves afirmou que a primeira experiência com a Universidade do Diabetes, em 2005, no XV Congresso Brasileiro de Diabetes, mostrou que é possível transformar o centro, por um dia, numa universidade e que a atividade se mostrou eficaz como instrumento para a capacitação de profissionais e como promoção do autocuidado para os pacientes.

A coordenadora da Unidia, Graça Velanes, classificou a atividade como um laboratório, “onde é possível vivenciar uma metodologia dinâmica, no que se refere à educação em diabetes”.

Faculdades

Divididos em grupos, os 35 pacientes e os profissionais de saúde que participaram do Proced, acompanhados de profissionais do Cedeba, passaram por sete faculdades: do Cuidado com o Pé, da Monitorização Glicêmica, da Aplicação da Insulina e Hipoglicemiante Oral, da Alimentação, da Boca, do Exercício Físico e da Saúde Cidadão.

Em cada faculdade, os treinandos receberam informações sobre os cuidados que devem ser observados pelos pacientes e puderam ver como deve ser a rotina dos portadores de diabetes, que alimentos devem ser consumidos e em que quantidade, exercício físicos indicados, como dosar a glicemia, quais os direitos assegurados aos pacientes, entre outros.

Para José Vieira dos Santos, 69 anos, portador de diabetes há 25, participar da Universidade do Diabetes foi “ótimo”. Cadastrado e acompanhado no Cedeba, ele explicou que já participou de reuniões, eventos e palestras na unidade, mas garantiu que na Unidia aprendeu muito mais sobre a doença e como se cuidar. “A diabetes provoca muita mudança, a pessoa perde muito a liberdade, mas, se a gente souber, dá pra levar”, disse.

Nádia Melo Miranda, paciente cadastrada no Cedeba há quatro anos, também achou o evento ótimo. Segundo ela, houve uma troca de experiências com outros pacientes e uma maior aproximação com os médicos do centro. “Além disso, pude tirar muitas dúvidas”, afirmou.

Aula prática

Os profissionais de saúde contemplados com o Proced também se mostraram entusiasmados com a Unidia. A diretora do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão Arterial da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, Adriana Forti, que durante o Proced proferiu palestra sobre Conceitos Fundamentais sobre Educação em Diabetes, observou que a atividade funciona “como uma aula prática capaz de mostrar aos profissionais de saúde como motivar e trabalhar com o paciente”.
Ela lembrou que a atividade tem uma abrangência muito grande, “já que aborda os diversos aspectos relacionados à doença”.

“Fantástico”. Assim o médico Gilberto Manhiça, de Moçambique, classificou a Unidia. Participante do Proced, ele disse que poderá adotar o modelo no seu país e observou que durante o treinamento percebeu que é possível fazer muito no tratamento do diabetes, mesmo que haja poucos recursos.

“Com simplicidade, objetividade e participação, é possível fazer muita coisa. Esta foi uma das grandes lições que aprendi durante o curso”, declarou Manhiça.