Instrutor de informática, Rafael do Sacramento Santos tem 23 anos. Líder comunitário, o aposentado Valdemar Bibiano vai completar 83 anos, em fevereiro de 2009. Separados na idade por seis décadas, o instrutor e o aposentado se juntaram, noite de quinta-feira (27), na Fundação Cidade Mãe, no Bairro da Paz, com um propósito comum – conhecer melhor e discutir o projeto de implantação do Parque Tecnológico de Salvador, em fase de construção na Avenida Paralela.

O projeto vem sendo detalhadamente apresentado às comunidades do entorno do futuro empreendimento. No último dia 22, ele foi discutido no Conjunto Vila Verde, na Estrada Velha do Aeroporto. Na quinta-feira (4), às 9h, será apresentado aos moradores de Mussurunga, no Colégio Estadual Nilton Sucupira.

No começo de 2009, um grupo de representantes das três localidades será submetido a um curso de capacitação, com noções de cidadania e de formulação de projetos sociais, dentre outros temas, para multiplicar a mobilização em torno das chances de geração de emprego e renda que serão oferecidas pelo Parque.

Desse modo, a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, (Secti), responsável pela execução da obra, cumpre seu papel de democratizar as discussões sobre um empreendimento que promete mudar as vida das comunidades carentes do entorno da Avenida Paralela, com a geração de emprego e renda, além de representar um salto qualitativo para a pesquisa científica e ao desenvolvimento sustentável da economia baiana.

“Minha expectativa é de que o Parque possa trazer novas tecnologias, inovação, gerar emprego e incentivar a cultura do conhecimento”, afirmou Rafael, que se deslocou de Nova Brasília, nas proximidades do Bairro da Paz, para assistir à apresentação sobre o Parque Tecnológico.

Ele disse que torce para que o Parque “atraia todas as coisas positivas para as comunidades ao redor” e que planejava ser um dos pesquisadores locais, na área de software livres.

Expectativas

A apresentação foi feita pelo coordenador Vinícius Santos, com o auxílio do professor João Rocha, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), que faz a interação com as comunidades do entorno.

Fundador das Malvinas, comunidade que, no início dos anos 80, deu origem ao Bairro das Paz, Valdemar Bibiano elogiou o caráter eco-sustentável do empreendimento, lembrando que a Mata Atlântica que circunda a área do Parque será preservada.

Com o respaldo de quem obteve 2.185 votos como candidato a vereador, na eleição passada, Bibiano frisou que dará um apoio crítico ao projeto, “cobrando o cumprimento dos acordos com a comunidade do entorno, que não pode ficar de fora dos benefícios que o Parque trará”.

Assim como no Conjunto Vila Verde, muita gente do Bairro da Paz jamais tinha ouvido falar em inovação tecnológica, pesquisa em C&T e empreendedorismo tecnológico, mas saiu satisfeita com a apresentação.

A coordenadora administrativa do Conselho de Moradores do Bairro da Paz, Selma Guimarães, por exemplo, “até hoje, só tinha ouvido falar por alto no Parque Tecnológico. Agora, saio conhecendo melhor o projeto, que pareça que será bom para todos”, apostou.

Segundo o coordenador, o objetivo da apresentação é inserir a comunidade no processo de implantação do Parque Tecnológico, para que ela possa aproveitar as oportunidades que serão oferecidas.

O professor Jaime Nobre pediu mais detalhares sobre o projeto e se manifestou preocupado com o aspecto ambiental. “Os condomínios de luxo já devastaram muito as mata no entorno da Paralela. Não podemos permitir mais agressões ao meio ambiente”, enfatizou.

Marinalva Santos foi direto ao assunto que a levou ao encontro. “Precisamos de emprego, sobretudo para os jovens das comunidades próximas ao Parque”.