A população negra, apesar de totalizar um pouco mais de 4/5 da População Economicamente Ativa (PEA), estava em maior proporção no contingente de desempregados (90,4%), em 2007. A taxa de desemprego dos negros é sistematicamente mais elevada que a dos não negros.

No mesmo ano registrou-se 22,7% entre os negros e 15,6%, entre os não negros. O rendimento médio por hora trabalhada correspondeu a pouco mais de 50% do rendimento do ocupado não negro. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) que analisou a situação desta parcela da população no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Salvador, no mês em que se celebra a Consciência Negra.

A pesquisa é realizada em parceria entre a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento, a Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Ufba.

A pesquisa revelou que em 2007, a População Economicamente Ativa negra somava 1,574 milhão de pessoas, o que equivalia a 86,6% da força de trabalho. Entre estes trabalhadores, 77,4% estavam ocupados, enquanto 22,6% permaneciam desempregados.

Já a PEA não negra totalizava apenas 243 mil pessoas, ou 13,4% do total dos que estavam presentes no mercado de trabalho, sendo que 84,4% estavam ocupados e 15,6%, desempregados.

Os negros apresentavam taxa de participação mais elevadas que os não negros em 2007: 61,5% e 59,5%, respectivamente. Um dos fatores que explica essa diferença é que a população negra entra mais cedo no mercado de trabalho e é obrigada a permanecer nele por mais tempo. A participação dos negros foi mais elevada do que a dos não negros para os jovens com 18 a 24 anos de idade (75,2% e 67,4%, respectivamente) e para os idosos com 60 anos de idade ou mais (17,9% e 15,8%).

Em relação à taxa de desemprego, registrou-se 22,7% entre os negros e 15,6%, entre os não negros. A análise por cor ou raça e sexo mostrou que são as mulheres negras as que têm maiores dificuldades de inserção ocupacional, com uma taxa de desemprego de 26,4%, a mais elevada entre todas as seis regiões metropolitanas pesquisadas pela PED.

A segunda maior taxa de desemprego total pertenceu aos homens negros, com 19,2%, seguidos pelas mulheres e homens não negros, com 18,3% e 13,1%, respectivamente Na RMS, o setor de Serviços, que responde por quase 3/5 das oportunidades de inserção ocupacional, ocupou 57,8% dos negros que possuíam trabalho e 68,2% dos não negros. Já no Comércio, cuja participação na estrutura ocupacional foi calculada em 16,5%, a proporção de ocupados negros (16,6%) supera a de não negros (15,7%). Na Indústria, por sua vez, onde se verifica maior presença masculina e de empregos de melhor qualidade, foi maior a presença relativa de pessoas não negras (10,4%) do que de negras (8,9%).

Entre as mulheres negras, o Emprego Doméstico empregou quase 1/5 das trabalhadoras (19,9%) e a Construção Civil se constituiu no espaço de trabalho de cerca de um décimo (9,8%) dos homens negros. Tanto entre a população negra ocupada quanto a não negra, a contratação padrão atingia uma parcela maior de mulheres que de homens. Em ambos os grupos populacionais, as mulheres tinham presença mais expressiva nas ocupações do setor público e os homens nas do setor privado.

As informações sobre os rendimentos dos ocupados na RMS revelam quão profundas são as desigualdades existentes entre negros e não negros no mercado de trabalho. A despeito do rendimento médio na RMS ser pequeno para qualquer grupo ocupacional analisado, para a população negra isto é mais evidente. Em 2007 seu rendimento médio por hora trabalhada correspondeu a pouco mais de 50% do rendimento do ocupado não negro.

A situação que se apresenta é ainda mais grave para as mulheres negras, haja vista que o rendimento médio auferido por esse contingente é o menor frente a qualquer grupo ocupacional observado, mesmo considerando o rendimento por hora, indicador que expurga os efeitos da menor jornada de trabalho média das mulheres. A diferença aprofunda-se consideravelmente quando os rendimentos médios das mulheres negras são comparados aos dos homens não-negros.

Ao tomar como base o rendimento médio real hora de um homem não negro, as mulheres não negras recebem cerca de 85,5% dos seus rendimentos, os homens negros, um pouco mais da metade (52,3%) e as mulheres negras, 43,8%.

Quando se introduz a variável escolaridade, elemento de grande importância na qualidade da inserção ocupacional, verifica-se que os rendimentos aumentam conforme o nível de escolaridade avança. Tanto para negros quanto não negros, os rendimentos chegam a mais de quatro vezes quando se alcança o nível superior, em relação ao nível médio incompleto. Contudo, persiste a diferença entre os rendimentos de negros e não negros, mesmo com a elevação da escolaridade.