Considerada como um importante caminho para se construir a cidadania no campo, a política estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), que já oferta um serviço diferenciado e de qualidade, deverá ser universalizada, melhorando a vida dos agricultores familiares. Superando as expectativas, mais de 184 mil agricultores familiares já foram assistidos tecnicamente neste ano. O trabalho é fruto da construção coletiva entre o poder público estadual e federal e organizações sociais prestadoras do serviço.

Para unir esforços e multiplicar resultados, sobretudo com melhora nos índices sociais, aconteceu, em Salvador, até a tarde desta quinta-feira (18), o II Seminário Estadual de Ater, no Centro de Treinamento de Líderes (CTL), em Itapuã.

O evento foi coordenado pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), por meio da Superintendência da Agricultura Familiar. Para o superintendente da Suaf, Ailton Florêncio, é necessário que haja uma distribuição de responsabilidades entre os diversos agentes envolvidos, no sentido de estruturar o compartilhamento das informações do processo de trabalho.

“A necessidade de planejar as ações das diversas organizações em torno de uma política de Ater conjunta insere-se também na racionalidade dos usos dos recursos disponíveis. A distribuição de responsabilidade facilita o monitoramento e a avaliação, permitindo a verificação e a análise dos resultados”, argumentou Florêncio.

Muitos avanços foram observados a partir desse esforço conjunto como o caso do soerguimento da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), que já faz cumprir o seu papel de instituição pública principal na execução de uma assistência técnica ampla, includente e territorialmente localizada.

“Com a reestruturação da empresa, comemoramos importantes resultados, como a reativação da Assessoria de Assuntos Estratégicos e a criação de um grupo de acompanhamento das ações de Ater”, enfatizou o presidente da EBDA, Emerson Leal.

Segundo ele, “a evolução é significativa. Em 2006, a empresa atendia a apenas 60 mil agricultores familiares e conseguiu atingir, em 2007, a marca de 70 mil produtores beneficiados. Neste ano, já são 184 mil famílias assistidas tecnicamente”.

Mas, acentua Leal, “esse número ainda é pequeno diante do universo de produtores familiares no estado. Nem empresa ou qualquer outra instituição, tem ‘pernas’ sozinha para atingir a universalização”. Ele reforçou que a união é a principal maneira de atender às necessidades.

A Bahia concentra 14% da população rural do Brasil, isto é, a maior de todos os estados brasileiros, e também responde por um dos mais elevados níveis de ruralidade do país (33%). São 4,3 milhões de baianos que vivem em 565 mil quilômetros quadrados.

O número total de propriedades rurais no Estado é de 695 mil, sendo 625.000 (90%) pertencentes a agricultores familiares, cuja renda média líquida mensal é R$ 222. Destes, 75% são considerados de baixa renda, pois sua renda média líquida mensal de R$ 140.

Oito de cada 10 empregos no meio rural vêm da agricultura familiar, e cada novo emprego gerado custa menos de R$ 3.500 de investimento público (incluído crédito).

A renda per capta deste segmento é de R$ 93,02 contra R$ 162, da média geral do Estado, mas o nível de resposta de incremento de cada real investido é 155% maior. A Ater é um meio determinante para se alcançar maiores níveis de produção, de agregação de valor, de conhecimento e de qualidade de vida.

Participaram do evento também representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), além de entidades de caráter social, conveniadas com o governo.