O relevante crescimento da citricultura no estado, principalmente na região do Litoral Norte e agreste de Alagoinhas, e a intenção de padronizar a qualidade das frutas baianas, resultou na criação, no município de Itapicuru, a 240 quilômetros de Salvador, de uma câmara setorial especifica para a cultura do citrus.

A iniciativa aconteceu durante o encontro com a participação de representantes da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgãos vinculados à Secretaria de Agricultura (Seagri), do Banco do Nordeste, da Embrapa e cooperativas, que teve como objetivo, criar ações de estruturação da cadeia produtiva da citricultura na região.

A Adab se comprometeu com a câmara em intensificar o monitoramento e as notificações nas áreas de foco, fiscalizações do trânsito de materiais cítricos, capacitação de agentes pragueiros, turmeiros de colheita e produtores rurais, a utilização dos agrotóxicos e a retirada das embalagens vazias dos pomares.

Além da fiscalização, a agência vem desenvolvendo ações de educação sanitária junto aos pequenos produtores baianos, alertando-os quanto à importância de estarem em dia com a documentação fitossanitária de origem (CFO).

Também vem reforçando a vigilância em suas barreiras sanitárias fixas e móveis, principalmente na divisa da Bahia com o Espírito Santo. No ano passado, foi detectado um foco da mancha preta no estado capixaba.

Segundo o diretor geral da Adab, Cássio Peixoto, o órgão não tem medido esforços para conscientizar os produtores quanto à necessidade do controle preventivo das pragas que atacam os pomares dos citrus, norteando os sistemas de produção de modo a se tornarem mais eficientes e menos onerosos.

Para a diretora de defesa vegetal da agência em exercício, Regma Caetano, “é importante ressaltar o empenho da Adab em combater o ingresso das pragas quarentenárias no estado, já que a Bahia é considerada livre do fungo Guignardia citricarpa, causador da Mancha Preta, assim como a exigência do órgão na emissão das Permissões de Trânsito de Vegetais (PTIV e PTV) e do CFO para as comercializações interestaduais”.

Auditoria espanhola

Uma missão técnico-fiscal do Ministério de Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha visitou a Bahia, em junho deste ano, com o objetivo de conhecer o sistema de defesa fitossanitária da citricultura baiana, desenvolvido no estado pela Adab. O programa da missão contemplou os estados da Bahia e São Paulo, por serem os dois principais pólos produtores de citrus no país.

A agência apresentou aos espanhóis o cenário econômico do parque citrícola da Bahia como produção, produtividade, principais regiões produtoras e o processo de Produção Integrada, recém implantado em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, assim como o sistema de fiscalização de material cítrico em suas barreiras sanitárias fixas e móveis distribuídas por todo o estado.

A Bahia exporta atualmente citrus para União Européia, principalmente Espanha, com perspectiva para 2009 o mercado norte americano e asiático.

O mais recente plano de trabalho fitossanitário para a cultura dos citrus contempla ações que visam o controle preventivo da Leprose dos citrus nos pomares da região do Litoral Norte, Recôncavo Sul, Baixo médio São Francisco e região oeste.

Está em fase de conclusão, o pedido de reconhecimento, por parte do Ministério da Agricultura, da caracterização de área livre de praga Cancro Cítrico, Morte Súbita, Mancha Preta, Greening e Mosca Negra dos Citros.

A Bahia é o segundo produtor nacional de citrus do país e o primeiro do Nordeste, com atividade focada na agricultura familiar. Dos 50 mil hectares cultivados em toda Bahia, a média é de cinco hectares por produtor.