Uma feira onde os expositores não se preocupam com o lucro, que a moeda utilizada é o Axé, que tem os itens produzidos de forma coletiva e onde o mais importante é trocar experiências e divulgar a prática do consumo consciente. Esse é o perfil da 4ª Feira Baiana de Economia Solidária e Agricultura Familiar, que acontece entre esta quinta-feira e domingo (11 a 14), no Jardim dos Namorados, em Salvador.

Durante os quatro dias do evento, aproximadamente 300 empreendimentos terão a oportunidade de comercializar seus produtos, trocar experiência e participar de oficinas. Realizada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) , a feira tem o objetivo de contribuir para dar visibilidade e fortalecer o movimento de economia solidária e agricultura familiar, bem como proporcionar a integração dos diversos empreendedores desse movimento.

Formulado em parceria com o Fórum Baiano de Economia Solidária, o evento segue o padrão estabelecido pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), respeitando as características regionais da Bahia. No entanto, os princípios de economia solidária são cumpridos à risca, trabalhando-se no espaço ações como clube de trocas, comércio justo, consumo consciente, finanças solidárias, cooperativismo.

Moeda social

Quem for conferir feira, além de utilizar a moeda oficial, o Real, poderá realizar compras utilizando o Axé como moeda social. A feira terá um espaço, denominado Clube da Troca, onde as pessoas poderão levar objetos, trocar por Axés e realizar as suas compras.

De acordo com o superintendente de Economia Solidária, Helbeth Oliva, não é possível mensurar o valor do Axé em real, pois o objetivo da moeda social é fazer com que as riquezas produzidas tenham rotatividade entre os empreendimentos. “A idéia da moeda social é induzir os expositores a conhecer e adquir os produtos feitos por outros empreendimentos. E é também uma forma de socializar essas riquezas”, declarou Helbeth Oliva.

Com a produção centrada na valorização do ser humano e não do capital, a economia solidária tem base associativista e cooperativista, voltada para a produção, consumo e comercialização de bens e serviços, de modo autogerido, tendo como finalidade a reprodução ampliada da vida. Por isso, o lucro não é o objetivo final e sim a sustentabilidade dos seus empreendimentos.

“A proposta da economia solidária é oposta ao capitalismo. Sobra é o conceito que utilizamos para denominar o que arrecadamos. Assim, a sobra que cada empreendimento assegurar será dividido entre os seus cooperados”, declarou a coordenadora do Fórum Baiano de Ecoso, Leide Manuela.

Além da comercialização dos produtos, que estarão distribuídos em 85 estandes divididos por região e por tipo de mercadoria – alimentação, artesanato, reciclagem, agricultura familiar, têxtil, etc – a feira será um espaço de capacitação. Durante os três dias de evento, representantes de 300 empreendimentos terão a oportunidade de participar de oficinas que buscam oferecer informações que facilitem as ações cotidianas, desde a produção até o escoamento dos produtos.