A partir desta segunda-feira (15) estará aberta ao público, no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), a 2ª Mostra de Xilogravuras do Museu Casa do Sertão. São 32 obras de Franklin Maxado, cordelista e xilógrafo feirense, considerado um dos mais importantes nomes da literatura popular nordestina.

Serão expostos cinco folhetos de cordel em uma caixinha, tendo como capa xilogravura do autor, com o título Natal dos Povos, apresentado pela poetisa Lita Passos. As obras são Receitas de Cachaça com Folhas de Dr. Sabitudinho, O Cordel do Corde, Saci e o Bicho Folharaz no Reino da Bicharada, O Horóscopo das Bichas e o Coronel de Saia.

O cordelista feirense teve obra lançada recentemente pela Editora Hedra, de São Paulo, que publicou a antologia Cordel de Franklin Maxado. A coleção divulga os mestres nacionais da literatura cordel. A mostra fica em cartaz até 20 de fevereiro de 2008, sempre de segunda a sexta, das 8h às 11h40 e das 14h às 17h40. Mais informações pelo telefone (75) 3224-8099.

Xilogravura

A xilografia, que significa a arte de gravar um desenho artístico em madeira, passou a ser praticada no Brasil a partir da mudança da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. Com o tempo, foi difundida nas principais cidades brasileiras, sendo utilizada na produção de cartas de baralhos, ilustrações para anúncios, rótulos, livros e periódicos, dentre outros.

A partir do final do século 19, a xilografia se tornou extremamente popular no interior nordestino. “Sua história está intimamente ligada à literatura de cordel, a qual passou a ser uma espécie de síntese narrativa das lendas e mitos que recheiam esses folhetos encantando ainda hoje os sertanejos”, explica a diretora do Museu Casa do Sertão, Cristiana Ramos.

Os editores dos livretos decoravam as capas com xilogravuras para torná-las mais atraentes, chamando a atenção do público para a história narrada. Com isso, a demanda aumentou, atraindo a atenção dos leitores por novas histórias, “o que estimulou a formação de uma verdadeira plêiade de xilógrafos populares”, afirma Ramos.

A beleza, a arte e a estética das xilogravuras quase foram sobrepujadas, com o passar do tempo, pela evolução dos meios de comunicação. Juntamente com a literatura de cordel, conta a diretora, “a xilografia começou a sofrer desigual concorrência devido às novas técnicas de impressão, de outros veículos de informação e entretenimento, por conseguinte, teve morte iminente anunciada diversas vezes”.

Para evitar a extinção de uma prática tão importante para a cultura popular, os xilógrafos valeram-se até de novas técnicas rivais e, desta forma, têm conseguido mantê-la viva. Os artistas populares passaram a produzir gravuras não apenas com o fim utilitário de ilustração para cordel, mas também como peças autônomas destinadas à exposições e a colecionadores.

Atualmente, a xilogravura é um das principais formas de representação visual do imaginário popular nordestino. “Suas manifestações religiosas, seu trabalho e seu dia-a-dia são as fontes inspiradoras destes trabalhos, que resultam em verdadeiras obras-primas da arte sertaneja”, destaca a diretora.

Grandes artistas como Mestre Noza, Enéias Tavares, Marcelo Soares e Franklin Maxado souberam captar este cotidiano e transformá-lo em xilogravuras, “levando para diversos lugares do mundo um pouco dessa encantadora arte”.