Apenas os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e do Peru, Alan García, ficaram de fora do encontro de cúpulas que reúne, na Bahia, 31 chefes de Estado do Mercosul, América Latina e Caribe. A primeira foi aberta, na manhã desta terça-feira (16), pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

O evento também conta com a participação dos chefes de estado do bloco e dos governantes do México, Guiana, Panamá e Suriname. No discurso de boas-vindas, Lula defendeu a integração dos países da América Latina, Mercosul e Caribe e também destacou pontos para enfrentamento da crise econômica mundial.

Além disso, o líder brasileiro ressaltou a participação, no encontro, do presidente cubano Raul Castro. "É a primeira viagem do companheiro Castro ao Brasil e, com certeza, ele deve estar observando as semelhanças da Bahia com Santiago de Cuba", disse.

Durante a fala, o líder brasileiro destacou que a voz do Mercosul começou a ser ouvida em âmbito internacional, principalmente devido às medidas adotadas por países do bloco como o Brasil, para conter os avanços da crise global.

"Estamos implementando ações que visam preservar o emprego e renda dos trabalhadores. Por isso, vamos continuar priorizando a execução de programas sociais e incentivando a produtividade e competitividade", enfatizou o presidente.

Segundo ele, é preciso ainda que os governantes dobrem suas apostas no Mercosul. No último ano, as trocas interregionais entre os países que compõem o bloco chegaram US$ 140 bilhões, valor cinco vezes maior que o registrado em 2003.

Sobre o impasse com o Paraguai, o presidente afirmou que o Brasil pretende continuar trabalhando com o país vizinho e chegar a um consenso para eliminar a dupla cobrança da TEC (Tarifa Externa Comum), que caracteriza uma união aduaneira, considerada por ele como essencial para integrar as cadeias produtivas entre os países.

Durante a reunião foi discutida ainda a criação de um fundo regional para apoio às micro, pequenas e médias empresas do Mercosul, facilitando o acesso ao crédito. O presidente acentuou que “o Brasil tem consciência das responsabilidades com as economias menores e, por isso, dobrará a contribuição para o Focen em 2009".

Lula ressaltou o avanço da democracia na América Latina e defendeu a realização de eleições diretas nos países que compõem a região, sobretudo nos parlamentos.

Na abertura da Cúpula da América Latina e Caribe sobre integração e desenvolvimento (CALC), à tarde, o presidente criticou o mercado financeiro pela quebra de empresas com a crise econômica mundial. "Este cenário é fruto da irresponsabilidade de aventureiros e é inadmissível que as expectativas do povo latino-americano sejam frustradas".

O presidente disse que a América Latina avançou significativamente na última década, crescendo de forma sustentável e com aspectos positivos na área social, com distribuição de renda, e estabilidade financeira.

Lula também voltou a chamar a atenção contra o protecionismo e cobrou investimentos em infra-estrutura. "Uma nação não se desenvolve sem projetos de integração", disse.

O presidente Mexicano, Felipe Calderón, defendeu que os países latinoamericanos aumentem os aportes na área de infra-estrutura, para garantir a atração de novos investimentos. Seu pais, segundo informou, vai aplicar US$ 50 bilhões no setor, o que representa um aumento de 3% para 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, para a recuperação de estradas, portos, aeroportos e ferrovias.

Calderón também cobrou que os países ofereçam mais segurança jurídica, com leis mais bem definidas, destinadas à atração de novos investimentos que, segundo ele, foram transferidos para a Ásia nas últimas duas décadas, por conta da falta de garantias aos investidores.

Ele também criticou o protecionismo e disse que "a criação de barreiras comerciais inviabiliza a tão sonhada integração das nações latinas".

Chávez compara a Bahia a Venezuela

Durante a chegada no Hotel Golf Spa, em Costa do Sauípe, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comparou à Bahia ao seu país por emanar uma significativa riqueza cultural, com seus povos negros e indígenas, e ser um lugar de beleza natural muito grande.

Demonstrando conhecimento da terra de todos os santos, Chávez falou sobre Jorge Amado, sobre a cultura do cacau e destacou a alegria de negros e indígenas que vivem no estado, além de enfatizar a boa relação com o governador Jaques Wagner.

Chávez também defendeu a integração do Mercosul e o reconhecimento a Cuba, segundo ele, um país que é o coração da América Latina.

Sobre a crise econômica mundial, criticou os Estados Unidos, disse que não há mais espaço para uma política imperialista, e fez uma referência ao incidente envolvendo o presidente americano George W. Bush e um jornalista no Iraque.