A criação de políticas públicas para a geração de emprego e renda, exigência de contrapartida social e manutenção de empregos das empresas que recebem subsídio do governo para enfrentar a crise.

Essas são algumas das reivindicações da Carta de Salvador aprovada na 7° Cumbre Sindical do Mercosul, que aconteceu, na manhã desta segunda-feira (15), na Reitoria da Ufba, como atividade paralela ao encontro de presidentes e chefes de Estado da América Latina e Caribe nas cúpula de Salvador/Costa de Sauípe.

Dirigentes sindicais se reuniram para discutir e analisar a crise econômica internacional e seus possíveis desdobramentos no processo de integração entre os países latino-americanos e caribenhos.

Para enfrentar esse momento inclusive eles propõem também a realização do Dia Continental contra a Crise. Outro ponto forte da discussão foi a garantia dos direitos da classe trabalhadora na atual conjuntura.

Do encontro também participaram membros da Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul e da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas. Segundo o presidente da CUT Brasil para o Mercosul e coordenador do evento, Messias Melo, o papel das centrais sindicais é exigir dos governos que os trabalhadores não fiquem reféns da crise.

Isso ocorre quando há predominância do sistema financeiro sobre os meios de produção. Este efeito negativo impactaria no enfraquecimento e retração da oferta de empregos.

Durante o evento, o governador Jaques Wagner disse que a atual crise financeira mundial representa a queda do “muro de Wall Street”, em outras palavras, a queda do “mercado absoluto”.

Também afirmou que o momento é favorável para uma reflexão sobre qual modelo de desenvolvimento é necessário para a economia mundial: a excludente ou a includente.

Wagner garantiu ainda que a economia baiana está robusta e que caminha firme para 2009, preparada para enfrentar a crise. Dentro contexto trabalhista, ele ressaltou que a Bahia foi o primeiro estado a criar a Agenda do Trabalho, aprovada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A agenda postula mecanismos de enfrentamento do trabalho infantil, do trabalho escravo e da luta pela igualdade de direitos e condições de trabalho, entre homens, mulheres de todas as etnias.

A manutenção do emprego e da garantia de direitos dos trabalhadores foi a tônica das discussões da cúpula sindical. Na ocasião, a presidente da Força Sindical da Bahia, Nair Goulart, lembrou que há dez anos foi assinado entre os presidentes do Mercosul, a Declaração Sócio-laboral que assegura as conquistas sociais dos trabalhadores dos países membros. Segundo ela, o tratado serve de modelo para países de outros continentes.

“Qualquer aporte financeiro feito pelo governo por conta da crise, nós, das centrais sindicais, exigimos contrapartida social, ou seja, empresas socorridas com dinheiro público não podem demitir, têm que cumprir acordos coletivos firmados e garantir a licença maternidade de seis meses”, esclareceu o presidente da CUT/BA Martiniano Costa.