Manoel Matias Santos, 30 anos, é um dos 2,5 mil inscritos para o programa de capacitação que será realizado em Maragogipe. Ele pode ser um dos quatro mil empregados do Pólo da Indústria Naval, a ser implantado na região.

Recebendo atualmente um salário mínimo como agente comunitário de saúde, Manoel disse que espera a oportunidade de um novo trabalho para garantir uma vida digna para a família que vai constituir em janeiro, ao se casar com Daiane Barbosa, 18 anos. “Vai ser melhor para o nosso futuro. Assim vamos poder criar melhor os nossos filhos”, destacou a noiva.

O pescador Raimundo Fernandes, 23 anos, foi de Salinas da Margarida, onde mora, para Maragogipe para saber mais sobre o projeto de implantação do Pólo da Indústria Naval. Ele aproveitou a audiência pública realizada na quinta-feira (11) para tirar suas dúvidas e saber como se inscrever para a capacitação.

“Faço a pesca do camarão e ganho pouco mais de R$ 300 por mês. Acho que essa indústria vai trazer empregos para a região e é isso que precisamos para melhorar nossa vida”, afirmou Raimundo.

A comerciante Flor Pestana, 60 anos, não vai fazer o curso de capacitação nem trabalhar no Pólo da Indústria Naval, mas também está feliz com a chegada da atividade a Maragogipe. “Tenho dois filhos e uma filha, que já foi para Salvador tentar uma oportunidade. Agora nosso comércio vai melhorar. Vamos ter mais empregos aqui, mais dinheiro circulando e os filhos da terra não vão precisar ir embora para procurar trabalho”, explicou.

Plano de Educação Profissional da Bahia

A capacitação da população do recôncavo faz parte do Plano de Educação Profissional da Bahia, que prevê a implantação de nove centros estaduais e 31 centros territoriais de educação profissional. Os jovens e os trabalhadores do Vale do Paraguaçu se beneficiarão dos centros territoriais que serão implantados nos territórios da Chapada Diamantina, Piemonte do Paraguaçu e Recôncavo. Maragogipe vai receber o Centro Estadual de Educação Profissional.

O centro vai ocupar uma área de 12 mil metros quadrados, onde hoje existe uma escola agroindustrial desativada, e contará com técnicos de nível médio da área de mecânica, eletromecânica, construção naval, alimentação, meio ambiente, turismo, hotelaria e gastronomia, cultura e agroextrativismo.

Serão também desenvolvidas atividades voltadas para a gestão, em parceria com o Centro Estadual de Educação Profissional das Águas e com o Centro Estadual de Educação Profissional Oceano. Em sua plena ocupação, em 2011, serão 2,4 mil alunos dos cursos técnicos e cinco mil de qualificação para o trabalho freqüentando o centro.

Audiência pública

Na audiência pública, a população dos municípios do recôncavo recebeu informações sobre como está sendo desenvolvido o projeto. Cerca de 150 pessoas tiveram a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas, principalmente sobre o impacto ambiental que o pólo naval vai causar.

“A reunião foi muito proveitosa. O governo pôde expor mais uma vez o que pretende fazer e a comunidade pôde fazer seus questionamentos. É o início de um processo que promete ser democrático”, declarou o promotor do Ministério Público Federal, Ramiro Rochembach.

Para a coordenadora de Interação Social do Projeto de Implantação do Pólo da Indústria Naval, Roseane Palavizini, esse processo democrático envolve a interação social, com a escuta das comunidades e redes sociais locais, como os conselhos da Resex e da APA BTS.

“Estamos identificando os principais fatores de preocupação das lideranças sociais e ambientais: a questão da preservação dos ecossistemas locais e da inclusão social em novas oportunidades de trabalho, garantindo a permanência das atividades tradicionais”, observou Roseane.

Para o assessor especial da Secretaria Estadual da Indústria, Comércio e Mineração e coordenador do projeto, Floro Freire, tudo será feito com a integração entre as secretarias de governo. “Temos a participação das secretarias do Trabalho e do Meio Ambiente, entre outras”, disse.

Participaram também da audiência representantes da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração, que coordena o projeto, e dos ministérios públicos federal e estadual, do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio).