O Brasil pode vir a ser uma potência ambiental e o primeiro país tropical a se tornar desenvolvido, se cumprir todas as metas “ousadas” já anunciadas pelo governo para a redução do desmatamento e a conseqüente diminuição da emissão de gás carbônico.

A afirmação foi feita pelo cientista Carlos Nobre, ao proferir a aula inaugural do curso de especialização em Mudanças Climáticas e Mercado de Carbono, promovido pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), na quarta-feira (17), no Pavilhão de Aulas da Federação (PAF) da Ufba.

Nobre disse ainda que o aquecimento global será mais cruel com quem menos contribui para isso – os povos e classes sociais mais pobres. E que no mundo desigual em que vivemos os efeitos das mudanças climáticas irão aumentar ainda mais as desigualdades, citando doenças endêmicas – como a leptospirose -, que resultam de aspectos climáticos e ambientais.

Ele fez um retrospecto da evolução histórico das mudanças climáticas no planeta e disse que o Brasil contribui para o aquecimento global, com a emissão de gás carbônico causada principalmente pelo uso inadequado da terra, que enfrenta o desmatamento e as queimadas.

Para o Brasil, cujo Produto Interno Bruto (PIB) depende, em mais de 50%, de recursos naturais renováveis como a agricultura e geração de energia, a redução dos fatores que causam a emissão de gases causadores do efeito estufa pode significar a oportunidade de se tornar uma potência ambiental.

O professor enfatiza ainda que a Terra está em processo “inequívoco” de aquecimento, e registrou, nos últimos 12 anos, níveis de temperatura maiores do que os registrados desde 1850, quando a medição começou a ser feita.

O cientista apontou algumas causas – como a emissão de gases causadores do efeito estufa – e conseqüências, o aumento da quantidade de desastres naturais em várias regiões do planeta. Para ele, “as mudanças provocadas pela atividade humana no planeta, durante as últimas décadas são de uma magnitude equivalente a uma era geológica”.