Os criadores terão até o 15 deste mês para vacinar seu rebanho bovino e bubalino contra febre aftosa. O prazo da segunda etapa de vacinação, que seria encerrado no domingo (30), foi prorrogado pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) devido à seca intensa que atingiu o estado nos últimos meses.

Após vacinarem o rebanho, os criadores deverão declarar a vacina em um dos escritórios do órgão. A lei estabelece uma multa de 50 UFIRs por cada animal não vacinado e 150 UFIRs por propriedade que não declare.

“A Adab nunca havia registrado, em campanhas anteriores, uma situação parecida, e, sensibilizada pelos apelos de criadores, associações, sindicatos e médicos veterinários do órgão que trabalham no campo, decidiu solicitar do Ministério da Agricultura (Mapa) a prorrogação”, justifica o diretor geral da Agência, Altair Santana.

Segundo ele, o órgão não permitirá que a forte estiagem prejudique o status de zona livre de febre aftosa com vacinação, conferido à Bahia pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE).

O diretor esclarece que esta enfermidade representa a principal barreira sanitária à exportação de produtos, “uma vez que traz prejuízos não só para pecuária, mas também para a agricultura, em razão do vírus da doença ser altamente propagável, podendo se transportar em sacarias e até mesmo em grãos”. Ele cita como exemplo, o comprometimento da exportação de soja caso houvesse a presença do vírus.

Animais debilitados e dispersos

Questionado quanto a possíveis riscos que a vacina poderia causar ao rebanho, já debilitado pela seca, Santana esclarece que não existe dano à saúde do animal ao receber a dose da vacina.

“Neste caso, o problema é que o organismo do animal enfraquecido não responda satisfatoriamente à vacinação, não imunizando adequadamente contra aftosa”, enfatiza.

Um fator que dificulta os criadores, notadamente da região da caatinga, a vacinarem durante a seca é que a dificuldade de reunir os animais. Segundo o médico veterinário da coordenadoria da Adab em Juazeiro, Charles Oliveira, o tipo de criação predominante na região é a ultra-extensiva, caracterizada pelos animais criados soltos no pasto.

Aproximadamente 90% dos criadores o faz desta maneira, o que favorece a dispersão dos animais nos longos períodos de estiagem. “Muitos animais chegam a percorrer até 50 quilômetros em busca de água e alimento, isto quando não encontram nenhuma barreira ou cerca”, afirma o médico veterinário.

A coordenadoria da Adab em Juazeiro é composta por 22 municípios e registrou, na última etapa da campanha, realizada em março, um percentual de imunização de 92,5% dos animais. O rebanho da região é composto por 408 mil bovinos e bubalinos