Pelo segundo ano consecutivo, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), por meio do Sistema Estadual de Transplantes, prestou uma homenageou a familiares que autorizaram a doação de órgãos para transplantes.

A solenidade aconteceu, nesta sexta-feira (12), no auditório do Centro de Atenção à Saúde Professor José Maria de Magalhães Netto (CAS), durante o II Encontro Interreligioso, que reuniu técnicos da Sesab, famílias de doadores, pacientes em fila de espera para transplante e lideranças religiosas, com a finalidade de promover uma reflexão sobre a importância da doação.

Na ocasião, foi entregue o diploma de “Amigo do Transplante” às famílias de seis doadores de órgãos, entre eles, Francisco dos Anjos Conceição, que autorizou a doação de todos os órgãos da esposa, Maria do Carmo Conceição.

O coordenador do Sistema Estadual de Transplante, Eraldo Moura, falou sobre a importância do encontro, cujo principal objetivo é promover a aproximação com “as famílias que souberam superar a dor da perda de um ente querido e doar seus órgãos, num ato considerado como um dos mais nobres que se pode ter na vida”.

O médico informou ainda sobre os investimentos que têm sido feitos pela Sesab, destinados a impulsionar as atividades de transplantes no estado, e alertou para a necessidade de a população se conscientizar cada vez mais da importância da doação de órgãos, atitude que pode ajudar a salvar vidas.

Unindo pessoas

O II Encontro Interreligioso do Sistema Estadual de Transplantes foi iniciado com um pronunciamento da presidente da Associação de Transplantados da Bahia (ATX), Márcia Chaves. Representando a Igreja Universal do Reino de Deus, ela disse que, do ponto de vista religioso, não “há nenhum obstáculo à doação”, e para aqueles que acreditam na reencarnação “a doação é uma boa oportunidade para mostrar o desapego à matéria”.

Transplantada de rim, Márcia Chaves contou que recebeu o órgão do pai e falou sobre a situação de milhares de pessoas que esperam ansiosamente por um transplante para continuar vivendo. “A doação de órgãos nos coloca como único herói capaz de transformar a doença em saúde”, falou a presidente da ATX/Bahia, acrescentando que o “ato de doar é um ato de amor ao próximo, uma atitude de vida”.

O representante da Seicho-No-Iê, Luis Antônio Pereira, revelou que a seita é “francamente favorável à doação, mas que a ética e a moral devem ser preocupações constantes”.

O padre Jorge Brito, em nome da Igreja Católica, lembrou que a época de Natal é especial para falar de doação e transplante de órgãos. “Quando olhamos um presépio e vemos a imagem de Deus, devemos estender a mão e praticar amor ao próximo”.

A importância da doação de órgãos foi destaque também no depoimento da chilena Maria Eugênia Silva, que mora no Brasil há 28 anos e atua junto a comunidades carentes na área de educação social.
Possuidora de uma vasta experiência com grupos de exclusão, inclusive nos Estados Unidos, Maria Eugênia está deixando o Rio de Janeiro para morar na Bahia e garantiu que irá incluir o incentivo à doação de órgãos em seu trabalho.

Situação atual

De acordo com Eraldo Moura, a Bahia registrou, este ano, até o início de novembro, 39 doações de múltiplos órgãos. Embora os números sejam significativos em relação a anos anteriores – 44 doações de múltiplos órgãos durante todo o ano de 2007 e 16 doações, em 2006 -, ainda existem diversos obstáculos a serem vencidos, entre eles, o alto índice de negativa familiar. Mais de 50% das famílias de potenciais doadores não autorizam a doação.

Entre as medidas que vêm sendo adotadas pela Sesab para impulsionar as atividades de transplantes, o médico citou a contratação de equipes para a busca ativa de potenciais doadores em unidades hospitalares e a criação, em hospitais da rede pública estadual, de Comissões Intra-Hospitalares de Transplantes de Órgãos e Tecidos (CIHDOTTs), com profissionais atuando exclusivamente na identificação de potenciais doadores.