Cisternas adaptadas para roças, para captação, armazenamento e uso racional da água, emprego do fosfogesso – um subproduto da indústria de fertilizantes – em substituição ao cimento convencional, uso de leguminosas na recuperação de solos empobrecidos, além da disseminação de fogões eficientes, dessalinizadores solares, biodigestores, secadores solares, usinas de biocombustíveis e sistemas de energia solar. Soluções práticas e e baixo custo como estas foram discutidas durante dois dias no I Encontro de Tecnologias Sociais na Bahia, encerrado na tarde de desta sexta-feira (5), na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

Segundo a coordenadora da Rede de Tecnologias Sociais (RTS), Larissa Barros, que participou do encerramento do evento, promovido pela Secretaria Estadual de Ciência, tecnologia e inovação (Secti), a Tecnologia Social compreende produtos e metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que represente efetivas soluções de transformações sociais. A RTS foi criada em abril de 2005 para promover o desenvolvimento sustentável pela difusão e reaplicação de tecnologias sociais, em larga escala.

Conforme Larissa, de lá para cá, a RTS já conquistou a adesão de 650 instituições, públicas e privadas, em todas as regiões do Brasil, sendo 58 na Bahia. Neste mesmo período, a RTS investiu quase R$ 225 milhões para melhorar a vida das comunidades produtivas, sendo R$ 218 milhões em reaplicação de tecnologias sociais e pouco mais de R$ 6 milhões em sua difusão.

No I Encontro de Tecnologias Sociais na Bahia, a TS foi apontada como o melhor caminhos para reduzir as diferenças sociais e alavancar a economia com inclusão de novos agentes de produção geração de emprego e renda, sobretudo os agricultores familiares. No Brasil, as tecnologias sociais vêm sendo aplicadas nas áreas de educação, agricultura, sustentatibilidade ambiental, água, e reciclagem de resíduos, dentre outros setores.

Semi-árido

Entre as tecnologias sociais discutidas pelos representantes dos Territórios de Identidade um dos destaques foi o programa de construção de cisternas na região do semi-árido, inclusive na Bahia, para garantir água para a lavoura e o consumo das populações e dos rebanhos afetados pela seca, e diversos trabalhos de educação ambiental.

O processo consiste na captação da água de chuva, em um reservatório (bem maior do que a cisterna tradicional para uso humano) e em um sistema de irrigação, que pode ser operacionalizado manualmente, por bombeamento ou gotejamento. Com a água de um cisterna de 16 mil litros, por exemplo, é possível irrigar um ‘quintal produtivo’ de 10 metros quadrados com uma plantação de verduras, regar mudas e ter água para os animais de pequeno porte.

Outra tecnologia social que vem sendo empregada com sucesso na região do semi-árido é a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), montada em torno de um sistema de anéis, cada um destinado a um determinada cultura sazonal, que complementa a que vem a seguir. Segundo a Larissa Barros, coordenadora da RTS, o centro do sistema da agricultura familiar ecológica é utilizado para a criação de pequenos animais, como galinhas caipiras. Já o esterco produzido pelos animais é empregado para adubar a horta. Somente no PAIS já foram investidos cerca de R$ 33 milhões.