O Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá) recebeu, pela primeira vez, diretamente da Cetrel – Empresa de Proteção Ambiental, o Plano de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Pólo Petroquímico, com os resultados do monitoramento da qualidade das águas superficial e subterrânea do Sistema Aquífero Marizal/São Sebastião na área de influência do Pólo Petroquímico de Camaçari.

Apesar do monitoramento das águas no entorno do Pólo ser realizado pela Cetrel desde 1993 e o funcionamento das indústrias do Pólo Petroquímico estar condicionado à licença ambiental emitida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), somente este ano a empresa entregou os dados ao Ingá. A licença ambiental determina que a empresa remeta o resultado das análises da água subterrânea ao órgão gestor das águas no estado.

Para o diretor-geral do Ingá, Julio Rocha, os dados são importantes para a gestão integrada dos recursos hídricos da Bahia, tanto para ajudar a preservar e proteger o uso da água, quanto para contribuir com as atividades e programas relacionados à gestão das águas do estado. “Além disso, as informações servirão de base para o monitoramento da água subterrânea, que será iniciado no segundo semestre deste ano pelo Ingá”, informou.

Segundo o coordenador de Monitoramento Hidrometeorológico do Ingá, Maurício Lima, essa análise vai auxiliar na proteção e racionamento dos recursos hídricos na área do Pólo. “Esse estudo é essencial para a proteção das nossas águas e permite a realização de ações que possam evitar o impacto ambiental em níveis mais profundos do Sistema Aquífero Marizal-São Sebastião e dos mananciais hídricos de superfície dessa região”, disse.


Monitoramento

O Plano de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Pólo Petroquímico envolve cerca de 170 poços de produção de empresas do Pólo, além de poços da Embasa, Águas Minerais e Millenium. Atualmente, 91 poços são monitorados e explotam de dois a mais níveis produtores.

O relatório entregue ao Ingá contém a relação de poços de produção com as devidas coordenadas e profundidades, as análises químicas realizadas nos dois últimos anos, além das medidas de operação importantes para a concessão da licença de operação do Pólo.

Para o gerente de Monitoramento Ambiental e de Resíduos da Cetrel, Sérgio Tomichi, com esses dados é possível fazer a elaboração de diagnósticos ambientais para as empresas e para os órgãos ambientais do Estado. “São informações sobre a qualidade da água subterrânea e ainda as ações de proteção e preservação do Sistema Aquífero Marizal/São Sebastião”, explicou.

Tomichi ressaltou que o monitoramento do Sistema Aquífero Marizal/São Sebastião (o principal da bacia sedimentar do Recôncavo) identifica e elimina as fontes de contaminação primárias e secundárias e a partir daí aponta ações específicas de remediação do solo e da água subterrânea subjacente para as unidades industriais, “além da otimização e racionalização da exploração da água subterrânea na região”.

Consumo

O objetivo desse estudo é verificar se a água que está sendo usada no Pólo não esteja infectada e que agentes contaminantes como benzeno, cloreto de metileno, tolueno e outros compostos orgânicos voláteis não ultrapassem a região. E ainda há a preocupação que a água contaminada não seja consumida nas áreas próximas do complexo industrial.

A análise apontou que a barreira hidráulica pode ser uma das formas de conter as contaminações dissolvidas no aquífero e com origem ao complexo básico do Pólo, além de evitar a propagação para fora dos limites físicos daquela área industrial, ou seja, contaminação por produtos químicos de natureza diversa gerada pelas empresas instaladas na região.

A Cetrel – Empresa de Proteção Ambiental começou a operar em 1978, juntamente com as demais indústrias do Pólo Industrial de Camaçari, sendo responsável, desde então, pelo tratamento e disposição final dos efluentes e resíduos industriais, bem como pelo monitoramento ambiental do complexo industrial e de toda a sua área de influência.