A Rádio Estrela FM 104,5, no município de Retirolândia, é um dos veículos de comunicação comunitária que auxiliam na capacitação e profissionalização dos jovens do semi-árido. A programação da rádio começa às 7h e vai até as 22 e é dedicada aos projetos e ações sociais da região.

Projetos direcionados às mulheres, aos jovens e às crianças, como o Baú de Leitura, são divulgados na rádio. “Colocamos no ar alguns ‘spots’ com paródias feitas pelas próprias crianças e temos um programa direcionado a elas”, explicou a diretora da rádio, Rose Rios.

Segundo ela, a rádio também é um espaço para capacitação de jovens que procuram o veículo para se profissionalizar como comunicadores, criando assim uma perspectiva de futuro na região.

Além de Rose, outros cinco comunicadores fazem um trabalho voluntário de locução na rádio, que, apesar dos problemas financeiros, continua abrindo espaço para os programas sociais do município.

Outro veículo importante nesse processo de capacitação é a Agência Mandacaru de Comunicação e Cultura, que produz material gráfico de assessoria e divulgação de diversos projetos sociais da região sisaleira, além de oferecer cursos de profissionalização na área de jornalismo.

A agência conta ainda com um estúdio para produção cultural e outro de rádio móvel para ser disponibilizado aos pequenos eventos realizados na cidade.

Para a presidente da agência, Camila Oliveira, a Mandacaru é uma oportunidade para os jovens descobrirem seus talentos como comunicadores, garantindo o seu futuro.

“O trabalho que a gente desenvolve aqui é o trabalho de produção de mídia através de dois âmbitos da comunicação, o rádio e o jornalismo, e os jovens que passaram e ainda passarão por aqui vão poder ter essa experiência”, explicou Camila.

Ela acredita que a agência é um espaço onde se pode dar visibilidade aos elementos culturais e regionais do meio em que esses jovens vivem e, sobretudo, um espaço de formação profissional.

“É um empreendimento onde a gente não tem remuneração específica nem muito digna. Mas a dignidade parte do pressuposto de que os jovens conseguem construir uma personalidade profissional e se preparar para o futuro”, destacou Camila.

‘Educomunicação’

“Ninguém concebe o semi-árido como uma região onde alguém vive de comunicação, ainda mais de movimentos comunitários para questões sociais. Mas esse é o diferencial do nosso trabalho: mudar essa realidade”, disse o coordenador de Comunicação do Movimento de Organização Comunitária (MOC), Klaus Minihuber.

Ele contou que o MOC faz um trabalho de ‘Educomunicação’, levando comunicação para as salas de aula nas escolas do campo, trabalhando a questão da leitura crítica da mídia e da produção de peças de comunicação que falem sobre a realidade das crianças que vivem na zona rural.

De acordo com Klaus, os jovens da Agência Mandacaru ajudam com os equipamentos e fazem todo o trabalho de acompanhamento técnico do projeto. “Os alunos fazem programas de rádio, fanzines, jornais-mural e assim vêem que também são produtores de comunicação. Isso é um direito humano que a gente tenta efetivar com essas ações”, afirmou.