Durante 30 minutos, os olhos e ouvidos da multidão aglomerada no largo do Terreiro de Jesus foram tomados pelos efeitos visuais e sonoros do espetáculo Terreiro d’Yesu, realizado pela Secretaria da Cultura. Com direção de Fernando Guerreiro e participações dos artistas baianos Lázaro Ramos, Jackson Costa e Margareth Menezes, o espetáculo é uma fábula na qual monumentos históricos locais como a Catedral Basílica, as igrejas de São Domingos e de São Pedro dos Clérigos, o restaurante Cantina da Lua e a Faculdade de Medicina dialogam entre si, com vozes emprestadas pelos atores, sobre a legítima posse do Pelourinho.

O personagem Neguinho da Carrinha (voz de Lázaro Ramos) ‘discute’ com os poderes institucionais. Afinal, o Pelourinho foi construído pelos portugueses que aqui habitaram na era colonial ou pelos negros escravizados que carregaram e assentaram cada pedra do lugar?

Segundo Fernando Meirelles, de forma inédita na dramaturgia baiana, os monumentos ganham voz e efeitos luminotécnicos e pirotécnicos para levantar uma questão polêmica: ‘Qual o espaço do negro nesse lugar?”.

Ainda que contemporizada a questão pela Fonte Luminosa na voz de Margareth Menezes ao final do show, a impressão deixada no público foi forte. “Fiquei deslumbrado”, disse o paraibano Edísio de Oliveira que trouxe toda a família para apreciar o show.

A socióloga Heloísa Palhosa achou fantástica a qualidade da sonorização e a plasticidade do espetáculo. “Adorei”, resumiu ela. Já a baiana Telma Jackson, artesã local, foi mais direta: “ Tudo o que foi dito é verdadeiro. Me identifiquei bastante.

Terreiro d’Yesu ficará em cartaz durante todo o Verão. Nesta sexta feira (9), o governador Jaques Wagner e sua esposa, a presidente das Voluntárias Sociais Fátima Mendonça, os secretários Márcio Meirelles e Domingos Leonelli, o ator Jackson Costa e a cantora Margareth Menezes foram conferir a estréia oficial.

“Através da arte, introduzimos a concepção de que os espaços turísticos também são espaços de convivência com a população local”, acentuou o governador. “Como bom provinciano, estou ansioso para conferir como ficou minha participação nesta obra”, disse Jackson Costa. Para Margareth, tudo foi muito inusitado. “Mas adorei ser uma Fonte”, declarou.