Mesmo com a crise financeira mundial no último trimestre de 2008 e o câmbio desfavorável durante a maior parte do ano, as exportações baianas registraram novo recorde histórico ao alcançar US$ 8,7 bilhões no ano passado, superando em 17,4% o resultado de 2007.

As importações baianas chegaram a US$ 6,5 bilhões no acumulado do ano (janeiro/dezembro). Com esse resultado, o saldo comercial do estado alcança US$ 2,2 bilhões, com um crescimento de 9%, enquanto a corrente de comércio (soma das exportações e importações) alcançou US$ 15,2 bilhões. Esses dados foram divulgados nesta segunda-feira (12) pelo Promo – Centro Internacional de Negócios da Bahia, vinculado à Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração (SICM).

O secretário da Indústria, Comércio e Mineração, Rafael Amoedo, comemora o resultado alcançado em 2008, afirmando que a atividade do comércio exterior tem participação superior a 20% no Produto Interno Bruto (PIB) do estado.

O superintendente do Promo, Ricardo Saback, complementa que “em termos nacionais, a Bahia permanece na liderança das exportações do Nordeste, com 56,3% de participação, e como oitavo maior estado exportador do Brasil, com 4,4% de participação”.

De acordo com o Promo, o desempenho dos preços dos produtos exportados pelo estado, em sua maioria, commodities agrícolas e industriais, foi o maior responsável pelo bom resultado alcançado em 2008 (valorização média no ano de 11,4%). Os preços registrados antes da crise foram impulsionados pela forte demanda internacional, principalmente pela União Européia, EUA e pela China.

A expansão das exportações de celulose também influenciou no desempenho de 2008, quando, a partir de investimentos realizados em modernização e ampliação de sua produção, passa a ser o principal segmento exportador do estado, com vendas de US$ 1,5 bilhão e crescimento de 67,5% em relação ao ano anterior. O setor tem sido ultimamente o mais dinâmico da indústria baiana, com seguidos investimentos na ampliação da capacidade produtiva, totalizando nos últimos três anos inversões de US$ 3,9 bilhões e expectativa de mais de US$ 25 bilhões no próximo triênio.

Influenciadas pela forte entrada de bens de consumo, que cresceram 28,2%, conseqüência do dólar favorável e do pique dos preços do petróleo, que alcançaram inéditos US$ 150/barril em medos do ano, as importações também alcançaram um volume recorde (US$ 6,5 bilhões), o que corresponde a um aumento de 20,2% sobre 2007.

Saback afirmou que a tendência de aumento maior das importações do que das exportações já vinha ocorrendo durante a maior parte do ano, fato que deve se reverter a partir de agora, quando a indústria brasileira incrementa sua capacidade de atender à expansão da demanda doméstica, permitindo, já no final do ano passado, uma estabilização no ritmo de crescimento das importações.

Estatísticas do Promo revelam que, além do setor de papel e celulose, o setor de petróleo e derivados, com vendas de US$ 1,4 bilhão e crescimento de 35,1%, e o das commodities agrícolas, com US$ 1,6 bilhão e crescimento de 43% sobre 2007, foram os principais responsáveis pelo bom desempenho do setor externo baiano em 2008.

Dentre os produtos agrícolas, destaque para o complexo soja (grão, óleo e farelo), que, com vendas de US$ 750,4 milhões, obteve o maior crescimento da pauta em 2008: 91,2%. Pelas importações, destaque para o aumento das compras de fertilizantes (125,7%), combustíveis (60,9%) e automóveis (25,4%).

Mercado comprador

A União Européia consolidou em 2008 a liderança nos mercados de destino para as vendas externas da Bahia, com 39% de participação e crescimento de 43,5%. Os EUA continuam isoladamente como principal mercado comprador, com 18,4% de participação, enquanto que a Alemanha registrou o maior incremento do ano, com 160%, e a China, que já é o quinto maior mercado para os produtos baianos, US$ 594,7 milhões e crescimento de 4% sobre 2007.

O superintendente do Promo explicou que o cenário para 2009 ainda apresenta um elevado grau de incerteza, especialmente no que tange à magnitude da queda dos preços das commodities e seu impacto sobre os preços de exportação e de importação.

O desempenho das quantidades embarcadas, por sua vez, dependerá de duas variáveis: o tamanho da queda do PIB mundial, em especial nos países em desenvolvimento, tendo em vista que os países desenvolvidos irão certamente registrar uma contração, e o ritmo de crescimento da demanda doméstica, que deve ser bem menor do que o registrado em 2008.