Antes mesmo de serem concluídas as obras de reestruturação do Parque Zoobotânico Getúlio Vargas (Zoológico de Salvador) no felinário e nos setores das aves e dos primatas, que se encontram na primeira, segunda e terceira etapas, respectivamente, as novidades já estão sendo percebidas pelos que visitam o local. O aumento do fluxo de visitantes, que saltou de 25 para 30 mil por mês, é creditado a essas mudanças.

O coordenador do zôo, Gerson Norberto, anunciou mais três etapas de revitalização de outros setores do parque a partir do segundo semestre. A meta da coordenação é alçar o Zoológico de Salvador ao topo do ranking nacional. Segundo ele, este objetivo não está longe de ser alcançado.

Primeiro, disse o Norberto, por conta da reestruturação do parque, baseada principalmente no conceito de bem-estar dos animais. “Isso muda a percepção do público em relação aos animais, configurando uma relação de respeito”, afirmou. Segundo, destacou o coordenador, devido ao número considerável de publicações científicas realizadas pela instituição. E em 2010 a capital baiana será a anfitriã do 34º Congresso da Sociedade de Zoológicos do Brasil (SZB). Este evento também favorece o parque de Salvador na conquista de seus objetivos.

Os bons frutos colhidos são o resultado do empenho sistemático da equipe multidisciplinar, que vem buscando conferir uma nova identidade ao zôo de Salvador. “Estamos desenvolvendo um trabalho de reeducação e conscientização.

Algumas pessoas que visitam o parque não têm a consciência do que isso (zoológico) representa”, explicou o coordenador técnico e veterinário, Vinícius Dantas.

Ele observou que a mudança de paradigma, que apresenta novos valores e conceitos ao público, passa pelo respeito aos animais e pela valorização da fauna regional. “Nosso trabalho está alicerçado na produção científica, educação ambiental e conservação”, afirmou.

Atualmente, 89% do plantel existente no zôo de Salvador corresponde a animais brasileiros ou que são nativos de outros países, mas nasceram no Brasil. Os outros 11% são animais exóticos de outros continentes.

“Quando trabalhamos com a fauna da América do Sul, estamos valorizando nossa região. Em vez de amarmos o leão e a girafa, devemos amar primeiro a onça, que é um animal brasileiro. A anta, por exemplo, é o maior mamífero da fauna nacional”, informou Dantas.

Para obter um maior controle, todos os animais do Parque Zoobotânico Getúlio Vargas são marcados com microchipe, anilha ou tatuagem. O artifício funciona como o RG dos animais e serve para individualizá-los. “Através da identificação, temos a ficha completa do animal, se fez cirurgia, qual a dieta, qual o comportamento etc.”, ressaltou.

Na revitalização do zôo estão sendo construídos recintos que reproduzem as características dos habitats naturais, para oferecer aos animais uma melhor adaptação. A nova ambientação permite a eles mais conforto para viver e reproduzir. O tratamento vip dispensado aos animais propicia uma reprodução saudável e equilibrada, mesmo em cativeiro.

Segundo Norberto, os zoológicos representam o maior banco genético de populações (animais) livres do mundo. Por conta disso várias espécies deixaram de ser extintas.

Mico-leão-de-cara-dourada

O mico-leão-de-cara-dourada, segundo o Ibama, é um animal ameaçado de extinção. Sua maior população é encontrada no sul da Bahia. No município de Una existe uma reserva de proteção ambiental desse animal eminentemente baiano.

No último final de semana nasceram dois filhotes de mico-leão-de-cara-dourada no zôo de Salvador. A fêmea, chamada de ‘Kika’ pelo tratador, convive com dois machos. Ambos se revezam nos cuidados com as crias. Por causa de uma cirurgia a que foi submetida, ela perdeu os movimentos do braço esquerdo. Seus dois ‘maridos’, além de carregar os filhotes nas costas, dispensam em abundância carinho e afago à ‘mamãe recém-parida’.

A dieta dos micos-leão-de-cara-dourada é 80% composta de frutas e 20% de proteína animal, que inclui insetos. Eles só são alimentados por tratadores treinados. E não são tocados para não desenvolverem comportamentos atípicos da espécie. “Quando eles são manipulados, ou sofrem interferências do homem, tendem a reproduzir comportamentos da raça humana”, destacou Dantas.