Cerca de 20 técnicos, entre restauradores, arquitetos e engenheiros do governo estadual, fizeram nesta terça-feira (6) vistoria das restaurações da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Pilar e do seu cemitério contíguo, localizados no sopé da falha geológica que separa as cidades Alta e Baixa, em Salvador.

Complexo arquitetônico-histórico originário do século XVIII, detentor de valor nacional e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938, o Pilar não passava por reformas desde a década de 40.
Coordenada pelo diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) – órgão responsável pelas obras –, Frederico Mendonça, a vistoria possibilitou a duração dos serviços, previstos para 15 meses. “Em 2010, o governador Jaques Wagner poderá inaugurar não somente as obras do Pilar, mas, igualmente, as obras do Palácio Rio Branco, Casa das Sete Mortes e Igreja do Boqueirão”, informou Mendonça.

No Pilar, serão recuperados a edificação e os bens móveis, como altares, púlpitos, bancos, cadeiras e cômodas. O sistema elétrico será modernizado, instalados novos sanitários, rampas para portadores de necessidades especiais, além de elevador.

A igreja é um dos raros exemplos de templos católicos da Bahia a apresentar alongamento da planta e detém azulejos portugueses do período de 1750 a 1760, sua fachada tem frontões de pedra de lioz de Lisboa e do seu acervo destaca-se a imagem de Santa Luzia, do século XVIII, as alfaias com coroa de 140 brilhantes, diadema de ouro do Porto, além de custódias e cálices.

Investimentos de mais de R$ 20 milhões

Orçada em R$ 3,5 milhões, a obra do Pilar integra o conjunto de restaurações no Centro Antigo de Salvador sob a responsabilidade do Ipac que totaliza mais de R$ 20 milhões investidos. As reformas do Rio Branco, Sete Mortes, igrejas do Boqueirão e Pilar têm recursos de R$ 13,5 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur 2), do Ministério do Turismo, além da contrapartida do governo da Bahia.

Já a obra no Palácio da Aclamação, que recupera estruturas e telhado, foi financiada pelo Tesouro Estadual, ao custo de R$ 1,5 milhão. “Mais R$ 3 milhões estão sendo investidos na recuperação de pinturas de 60 imóveis no Pelourinho e na requalificação de parte do casario da Baixa dos Sapateiros, para retirada de painéis que encobrem as fachadas neoclássicas e ecléticas de algumas casas”, explicou Mendonça.

Durante a vistoria, ele anunciou ainda a licitação para restauração da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e do Oratório da Cruz do Pascoal, ambos monumentos do Centro Histórico de Salvador, tombados pelo Iphan desde 1938. “Até fevereiro serão finalizadas as licitações e contratadas as obras”, adiantou o diretor-geral.

A Igreja do Rosário dos Pretos é originária de 1704, construída em alvenaria de pedra e sede da irmandade que reunia escravos e libertos, uma das primeiras confrarias de negros do Brasil. Foi construída pelos irmãos ao longo de quase 100 anos. Dentre a imaginária, destacam-se a Nossa Senhora do Rosário do século XVII.

Já o oratório público da Cruz do Pascoal, coberto de azulejos portugueses, foi construído em 1743, por Pascoal Marques de Almeida, natural de Lisboa, e é considerado um dos mais pitorescos pontos do Centro Histórico de Salvador.
O oratório está no centro de pequeno largo circundado por sobrados do século XIX e foi inaugurado com a imagem de Nossa Senhora do Pilar, do século XVIII, já restaurada pela equipe de especialistas do Ipac. Seu nicho é inspirado nas torres sineiras de igrejas baianas do começo do século XVIII.