Um catálogo ilustrado, com informações sobre os 117 blocos carnavalescos de matriz africana apoiados pelo programa Carnaval Ouro Negro, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA), será lançado nesta quarta-feira (11), às 19h, no vão livre do Teatro Castro Alves (Campo Grande), com a presença do secretário de cultura Márcio Meirelles, do secretário de turismo Domingos Leonelli e dos dirigentes dos blocos de matriz africana que integram o programa, além de artistas, intelectuais e representantes do movimento negro.

Com 208 páginas de fotos coloridas e textos (em português e inglês), o catálogo “Carnaval Ouro Negro” é uma publicação pioneira no levantamento e na divulgação de informações sobre os afoxés e os blocos afro, de índio, samba, percussão e reggae de Salvador. Elaborado com apoio do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá) e da Secretaria de Turismo (Setur), o catálogo será distribuído, antes e depois do Carnaval, para agências de viagens, hoteis, jornais e revistas especializados, entre outros públicos, do Brasil e do exterior.

O objetivo é promover e dar visibilidade aos blocos de matriz africana, atraindo não só novos foliões como também patrocinadores para os desfiles dessas entidades, responsáveis por grande parte da riqueza e da diversidade cultural que encanta visitantes e baianos na maior festa popular do mundo. O catálogo traz tudo o que é necessário saber para prestigiar o desfile de afoxés, blocos afro e outras agremiações negras. Trata-se de um verdadeiro guia para conhecer o brilho e a beleza de uma dos segmentos culturalmente mais importantes do Carnaval.

A publicação é uma das ações do Programa Carnaval Ouro Negro, que visa fortalecer os blocos de matriz africana, inserindo-os competitivamente no mercado da folia. A partir de abril de 2009, um curso de capacitação em gestão cultural, voltado para os dirigentes dos blocos e realizado em parceria com o Sebrae, vai fornecer subsídios para a elaboração de projetos, prestação de contas, financiamentos culturais, estratégias de negociação e produção cultural, além de traçar um plano coletivo com vistas a possíveis patrocinadores do desfile dos blocos a partir do Carnaval de 2010.

O catálogo “Carnaval Ouro Negro” também traz informações sobre as ações sociais desenvolvidas, durante todo o ano, pelas entidades carnavalescas nas comunidades onde estão instaladas. Oficinas, cursos e aulas de línguas, informática, preparação para o vestibular, percussão, dança afro, artesanato, corte e costura, teatro e capoeira, mantidas em comunidades de baixa renda e bairros populares, demonstram a importância da atuação desses blocos no cotidiano de crianças, jovens e adultos.

O Catálogo Carnaval Ouro Negro

As informações sobre os afoxés e os blocos afro, de índio, de samba, de percussão e de reggae estão organizadas, no catálogo “Carnaval Ouro Negro”, de forma cronológica, divididas por segmento, compondo um panorama de como a cultura negra foi se inserindo nas festividades da capital baiana. Cada um dos seis capítulos é aberto com um texto histórico sobre o segmento abordado.

O texto de abertura da publicação, intitulado “O Ouro Negro do Carnaval de Salvador”, descreve como, a partir da década de 1930, com os chamados “candomblés de rua” (afoxés), teve início a afirmação cultural dos valores africanos e a elevação da auto-estima dos afrodescendentes. O texto informa que a Embaixada da África foi a primeira agremiação carnavalesca negra a desfilar nas ruas de Salvador, em 1885. Já o historiador Jaime Sodré conta, no breve artigo “Sagrados batuques”, que “os primeiros grupos afirmavam sua procedência através de figurinos da alta costura estética negra. A fantasia, como indumentária, era um espaço de afirmação da beleza e da memória africana”.

Outra seção do catálogo homenageia grandes mestres populares da cultura afrobaiana, por suas contribuições imensuráveis à riqueza da folia momesca. Cinco mestres populares foram escolhidos para representar inúmeros outros mestres: o carnavalesco Nelson Maleiro (1909-1982), a estilista Dete Lima (do Ilê Aiyê), o percussionista Neguinho do Samba (da Didá), o músico Mestre Erenilton (dos Filhos de Korin Efan) e o artista plástico J. Cunha.

O Programa Carnaval Ouro Negro

O programa de fomento Carnaval Ouro Negro apoia, pelo segundo ano consecutivo, o desfile dos blocos de matriz africana no Carnaval. São 117 entidades, entre afoxés e blocos afros de samba, de reggae, de índio e de percussão, que já começaram a receber recursos que variam de R$ 15 mil a R$ 100 mil para cada bloco. Só nesse Programa, o governo está investindo R$ 4,2 milhões, número superior aos R$ 3,6 milhões repassados em 2008 para as 104 agremiações que participaram do primeiro ano do programa. Este ano, 12 blocos de percussão passaram a integrar o Carnaval Ouro Negro.

Os afoxés, homenageados oficiais do Carnaval 2009, receberam R$ 10 mil a mais do que em 2008, através de uma parceria entre a Secretaria de Cultura e o Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá). “A participação do Ingá se insere na perspectiva de um Carnaval sustentável, em que o cuidado com o elemento água precisa ser difundido na conscientização da população”, destacou o diretor-geral do instituto, Julio Rocha.