Durante seis dias consecutivos, Salvador se transforma na terra da festa e da diversão. É carnaval, momento de folia, mas também, pode ser visto como uma oportunidade para a geração de ocupação e renda de muitos. Os catadores de latinhas fazem parte deste segundo grupo, que durante a festa realizam um trabalho, pouco valorizado, mas essencial para o reinado de Momo.

Pelo segundo ano consecutivo, a Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte – Setre, através da Superintendência de Economia Solidária – Sesol, realizou uma campanha com o objetivo de valorizar e apoiar o trabalho dos catadores. A campanha ‘O trabalho Decente preserva o meio ambiente’ beneficiou mais de 2 mil catadores, com a distribuição de 4.500 fardamentos, 40 mil refeições (café da manhã, almoço e jantar) e a disponibilização de mais de 40 mil reais em créditos para cooperativas de reciclagem.

“A nossa meta é aumentar esses números para o próximo ano. Mas este é só o começo. Além disso, esperamos realizar outras ações ao longo do ano, para que possamos assegurar a autonomia desses trabalhadores”, afirmou Helbeth Oliva, superintendente da Sesol.

Para atender aos catadores, a Setre instalou quatro unidades de apoios, localizadas no Largo Dois de Julho, Barra, Politeama, e em Ondina, que tinham o objetivo de oferecer apoio técnico, fornecer alimentação para os catadores que se cadastraram, comprar os resíduos recolhidos, pesar e armazenar o material até o momento de revenda; este ano, o processo eliminou os atravessadores. Os catadores tiveram a oportunidade de revenderem diretamente às fábricas, o que aumenta a margem de lucro.

De acordo com os técnicos da Setre, cada unidade de apoio comprou dos catadores mais de 12 toneladas de resíduos sólidos, durante todo o carnaval, quase 50 toneladas de materiais reciclados, que estavam sendo vendidos no valor de R$ 1 (um real) o quilo da latinhas de alumínios e R$ 0,30 (trinta centavos) o quilo das latinhas de aço. “O preço não é o que esperávamos, mas isso também é consequência dessa crise. Mas, só esse apoio de nos oferecer alimentação e água, faz com que o nosso lucro aumente, porque não precisamos gastar com isso”, declarou Anaci Cerqueira, 38 anos, 15 deles catando latinhas nas festas populares de Salvador.

Para os catadores a distribuição das três refeições diárias foi o apoio que teve a maior relação com os seus ganhos, mas a distribuição dos fardamentos e dos equipamentos individuais de segurança (EPIS) resultou em maior segurança para realizarem os seus trabalhos. “O uso da farda nos oferece mais segurança e respeito. Sem a farda eu já fui confundido com um marginal. Basta colocarmos o fardamento e o tratamento é outro, somos respeitados e temos que ser, pois estamos realizando um trabalho digno, como outro qualquer”, afirmou Edvaldo Lopes, que cata latinhas para sustentar os três filhos.

A campanha ‘O trabalho Decente preserva o meio ambiente’ é uma ação do programa Bahia Solidária e teve os seus princípios baseados nos eixos da Agenda Bahia do Trabalho Decente.