LOCAL: Município de Maragogipe, a 133 quilômetros de Salvador, no território de identidade do Recôncavo.
DATA: 23.02.09 (segunda-feira)
HORÁRIO: 13h

O QUE É: Tombamento do Carnaval de Maragogipe como patrimônio imaterial.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

PATRIMÔNIO:
O carnaval de Maragogipe, marcado pela festividade e tradição que prevalece há mais de 100 anos, será considerado, oficialmente, patrimônio imaterial da Bahia, por meio do decreto do governador Jaques Wagner, que será publicado no Diário Oficial do Estado até a festa. As pesquisas e estudos sobre o carnaval maragogipano foram realizados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), autarquia da Secretaria da Cultura (Secult). 

TOMBAMENTOS E REGISTROS: A própria população maragogipana considera o seu carnaval como o principal patrimônio do município, razão pela qual solicitaram o registro à Prefeitura que o encaminhou, oficialmente, ao Ipac. Qualquer cidadão pode solicitar ao Ipac o tombamento de bens móveis ou imóveis, a exemplo de imagens sacras ou obras artísticas e edificações antigas, assim como o registro dos bens imateriais ou intangíveis, que neste caso são as manifestações culturais. O patrimônio, em suas expressões edificadas ou materiais, é a identidade de um povo, que significa uma questão de solidariedade entre gerações e de memória coletiva. Além das instâncias federal e estadual, dos cidadãos e da iniciativa privada, um estado como a Bahia, que possui milhares de bens culturais, conta com 417 prefeituras, que devem ter políticas públicas e legislações próprias para os seus patrimônios. 

CARNAVAL: O festejo carnavalesco do município é considerado um dos mais tradicionais da Bahia, que acontece no mesmo período do carnaval de Salvador e tem duração de três dias. O uso de máscaras, fantasias variadas, instrumentos musicais, e outras alegorias marcam esta manifestação cultural, que também tem influências africanas e européias, como o desfile de caretas e pierrôs pelas ruas, remetendo ao carnaval europeu do século 19. Costumes e cantos afro-descendentes, herança de escravos, além das bandas de sopro são outras características da festa. 

PESQUISAS: Desde 2007, grupos de sociólogos, historiadores, antropólogos e museólogos da Gerência de Pesquisa, Legislação Patrimonial e Patrimônio Intangível (Gepel) do Ipac, realizam coletas de materiais referentes a manifestação ao longo dos anos, incluindo notícias de jornais e outros dados para formar uma coleção de documentos. Entre os pesquisadores estão: o sociólogo, Luiz Rosa, a antropóloga Nívea Santos, a historiadora Magnair Barbosa e o coordenador da equipe, Mateus Torres.

VIDEO-DOCUMENTÁRIO: A parceria da TV Educadora (TVE) e do Ipac para documentar o carnaval de Maragogipe no ano passado, resultou na realização de 10 horas de filmagens da folia. Entrevistas com músicos carnavalescos, políticos, pesquisadores e artesãos que confeccionam as fantasias e máscaras, cerca de 500 fotos antigas e contemporâneas da manifestação e vários documentos em papel desde o século XX até os dias de hoje foram objetos de pesquisa para o dossiê. Além disso, foram gravadas imagens de pontos conhecidos de Maragogipe, como o bar Águadura e o Terreiro do Abalaxé e entrevistas com personalidades importantes para a festa, a exemplo de Rosa Carapeba, a foliã mais antiga da cidade. Como produto final foi editado um documentário de 23 minutos de duração. Algumas chamadas do vídeo já estão sendo exibidas na TVE.

MARAGOGIPE: Com população estimada de 43,7 mil habitantes e extensão territorial de 436 km², tem como principais atividades econômicas a agricultura (laranja, mandioca e batata doce) e a pecuária (criação de galinhas e bovinos). Na região, habitavam os índios da tribo maraj-jip, cuja tradução seria braços invencíveis. Eles eram inteligentes guerreiros, que se dedicavam ao cultivo do solo, à pesca e à caça. Posteriormente, deslumbrados com a riqueza das matas e com a acessibilidade do sítio a qualquer embarcação, alguns exploradores resolveram fixar residência, dedicando-se a extração de madeiras, plantação de mandioca e de cana-de-açúcar, construção de engenhos e casas de farinha.

AÇÕES: O município de Maragojipe tem sido beneficiado também com outras iniciativas, a exemplo da implantação do Centro Digital de Cidadania (CDC). Seguem abaixo as informações sobre o CDC:

CDC: O novo Centro Digital de Cidadania (CDC) foi inaugurado em fevereiro deste ano na Colônia de Pescadores Z7 de Maragogipe. Aldeias indígenas, assentamentos rurais, comunidades quilombolas dentre outras instituições já receberam o CDC e agora foi a vez da Colônia Z7, que conta com cerca de 3 mil associados, entre eles pescadores e marisqueiras.

Definição: O CDC é um espaço de conhecimento, entretenimento e prevenção da violência, onde crianças e jovens fazem pesquisas escolares. O centro corresponde a uma sala com 11 computadores, 11 mesas, 22 cadeiras, conexão com internet, quadro de avisos e demais equipamentos. Para cada CDC desenvolve-se um processo de capacitação para o uso adequado dos equipamentos, inclusive com fornecimento de cartilha apropriada e para a gestão do empreendimento. A instalação dos centros faz parte do programa de Inclusão Sociodigital (Pisd), que já recebeu duas premiações: em 2007, o Prêmio Top Social Nordeste e, em 2008, o Prêmio Rede, da revista Rede, de São Paulo, como o melhor programa de inclusão digital empreendido por governos estaduais.

Balanço: Com quatro anos de existência do Programa de inclusão Digital, já foram realizados cerca de 17,7 milhões de atendimentos, beneficiando 581,9 mil usuários. Atualmente, 688 postos estão em funcionamento e 293 estão em fase de implantação. Ao todo, 409 municípios já foram atendidos. O programa busca a inclusão social, por meio da democratização do acesso aos recursos da informática e da internet.

Inclusão digital: De acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2007, somente 13% dos baianos têm acesso à internet e, desses, 10,5% possuem computador e conexão com internet, o que permite deduzir que 2,5% utilizam outros meios, a exemplo das Lan Houses. Assim, a Bahia ocupa o 20º lugar entre as unidades da federação em inclusão digital.