Com a presença de representantes de blocos afros, de índio e de afoxés, foi lançado na noite desta quarta-feira (11), no Teatro Castro Alves, o catálogo Carnaval Ouro Negro, que traz em 208 páginas e em duas línguas (português e inglês) a história desses grupos baianos.

No mesmo evento, foi iniciado o processo de estudo para a inscrição do afoxé no Livro de Registro das Expressões Lúdicas e Artísticas, para que seja reconhecido como patrimônio imaterial. O estudo ficará a cargo do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).

"É registro da história da Bahia, pois são eles, os afoxés, os blocos afros, de índios e de percussão que começaram a escrever a história do Carnaval. Pela primeira vez na Bahia se tem o cuidado, o respeito ao resgate das nossas tradições", lembrou o governador Jaques Wagner.

Sobre o processo de registro do afoxé como patrimônio imaterial, o governador disse que é um reconhecimento do Estado a essa tradição, que durante muito tempo ficou quase esquecida. "Já registramos a capoeira, o samba-de-roda, então o afoxé, como elemento de base da nossa cultura e do Carnaval, não poderia ficar de fora", afirmou Wagner.

Para o secretário da Cultura, Márcio Meireles, a publicação do catálogo vai gerar uma maior visibilidade, inclusive no exterior, desses movimentos culturais que vem se construindo há anos sem o apoio do governo. “É uma visibilidade necessária para que eles possam ganhar autonomia. E sobre o processo para se registrar o afoxé como bem imaterial também é um reconhecimento do Estado a essa manifestação cultural”.

Com 208 páginas de fotos coloridas e textos (em português e inglês), a publicação tem informações sobre os 117 blocos carnavalescos de matriz africana apoiados pelo programa Carnaval Ouro Negro, da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).

Elaborado com ajuda do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá) e da Secretaria de Turismo (Setur), o catálogo traz ainda elementos sobre as ações sociais desenvolvidas, durante todo o ano, pelas entidades carnavalescas nas comunidades onde estão instaladas.

Atividades como oficinas, cursos e aulas de línguas, informática, dança afro, entre outras, são mantidas em comunidades de baixa renda e bairros populares, o que demonstra a importância da atuação desses blocos no cotidiano das pessoas.

A distribuição do catálogo será realizada, antes e depois do Carnaval, para agências de viagens, hotéis, jornais e revistas especializados do Brasil e do exterior.

De acordo com Ednaldo Santana, presidente da Associação dos Afoxés da Bahia, o dia 11 de fevereiro ficará na história da cultura baiana: "É interessante porque o afoxé, como o candomblé e a capoeira, era perseguido e reprimido. Nós não podíamos nem nos apresentar em clubes sociais da Bahia, que hoje praticamente estão todos fechados. Mas o afoxé continua firme e, agora, com o reconhecimento oficial".