A parceria entre trabalhadores rurais e um fazendeiro do ramo cacaueiro no município de Almadina está promovendo uma reviravolta na vida de 20 famílias agrícolas, que passaram da condição de desempregados para empregadores, com renda líquida superior a R$ 10 mil anuais. Este é o resultado do trabalho desenvolvido pela regional de Coaraci da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri).

Segundo o chefe de escritório e engenheiro agrônomo da EBDA, Joel Pimenta, com o advento da praga da vassoura-de-bruxa, ocorrida na região sul da Bahia, os trabalhadores dos cacauais ficaram desempregados e as fazendas abandonadas, como a São Pedro, em Almadina, com 400 hectares.

A produção anual de 10 mil arrobas de cacau despencou para 700 arrobas, levando o seu proprietário, Renato Rebelo, a buscar alternativas viáveis para minimizar os prejuízos.

Com orientação da EBDA, os antigos trabalhadores rurais dessa propriedade criaram a Associação de Parceleiros Rurais da Região de Cruzinhas. A iniciativa é pioneira nesse tipo de associação e assim acordaram uma parceria com o proprietário, onde ficou estabelecido um conjunto de áreas com 10 hectares para exploração por cada um dos 20 agricultores familiares.

Além de pecuária de leite, os parceleiros cultivam cacau, mandioca, banana, cana-de-açúcar e outras culturas, sendo definido o percentual de cada parceiro para cada cultura. “No momento, a cana-de-açúcar tem se mostrado como a cultura mais lucrativa para os agricultores familiares, porque é transformada em cachaça, agregando valor ao produto”, disse Pimenta. No último ano, segundo informação do agrônomo, foram produzidos 100 mil litros de cachaça.

Mais benefícios

Um diferencial nessa parceria é a possibilidade de financiamentos através da associação. Pelo Pronaf B, todos os 20 agricultores foram contemplados com o financiamento, enquanto o Pronaf C subsidiou as atividades de 10 agricultores para produção de cachaça.

Além do êxito alcançado pela parceria, Pimenta destacou a melhoria na qualidade de vida desses agricultores, “que antigamente passavam necessidade e hoje têm casa, eletrodomésticos, antena parabólica e, o mais importante, pleiteiam a aquisição de uma propriedade, através do Crédito Fundiário. Com essa aquisição, eles passarão da condição de parceleiros para a de proprietários”.

Quanto à Fazenda São Pedro, antes desabitada, agora são 14 famílias morando na propriedade, que se tornou produtiva e lucrativa. Os demais parceleiros moram no povoado de São Roque, a um quilômetro da sede da fazenda. Ednaldo Pereira, um dos parceleiros, além da cachaça, produz leite e fornece ao povoado. “Tenho 20 vacas e tiro uma média de 80 litros de leite por dia, o que me garante um rendimento extra”, disse.

A ocupação da mão-de-obra é outro fator importante da parceria, que hoje emprega duas pessoas por cada parceleiro, gerando 40 empregos diretos.

Além da assessoria aos produtores, nas questões da associação, a EBDA executa um papel importante com assistência técnica continuada, promove cursos e treinamentos, como a fabricação artesanal de derivados do leite, elabora os projetos de investimento e acompanha o passo-a-passo junto aos agentes financeiros, dentre outras atividades de apoio à agricultura familiar na região.

“Hoje, a relação de confiança estabelecida com os agricultores é tão grande que não fazem nada sem nos consultar”, afirmou Pimenta.