Os problemas do setor cafeeiro nacional e estadual e os incentivos aos pequenos e médios produtores serão discutidos na décima edição do Simpósio Nacional do Agronegócio Café (Agrocafé) até esta quarta-feira (11). A solenidade de abertura do evento, ocorrida nesta segunda-feira (9), no Gran Hotel Stella Maris Resort, reuniu produtores e empresários do setor.

Para revitalizar o agronegócio cafeeiro da Bahia, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), articula a criação da Câmara Técnica do Café, que deverá traçar estratégias para melhorar a qualidade do produto. O objetivo é ampliar a produção do café fino, que já tem grande aceitação no mercado nacional e internacional. Para isso, estão sendo adquiridos equipamentos para trabalhar com a pós-colheita, como despolpadeiras e secadores, que viabilizam o beneficiamento, além da renovação de cafezais.

“Na Câmara Técnica buscaremos alternativas comuns para os agricultores e para o governo. A cafeicultura baiana envolve mais de 10 mil famílias e com a sua ampliação podemos agregar valores”, enfatizou o governador Jaques Wagner.

Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, a produção de café na Bahia está estagnada há quatro anos, permanecendo com 2,5 milhões de sacas por ano. Ele acredita que a assistência técnica da câmara pode contribuir com o aumento do produto, possibilitando melhorias principalmente nas plantações dos pequenos agricultores, que não têm com recursos para contratar agrônomos.

A criação da Câmara Técnica é uma exigência do Conselho Nacional de Política Agrícola, devendo ser cumprido por todos os estados brasileiros. Com esta ferramenta, os agricultores de pequeno e médio porte poderão aprender sobre a melhor maneira de adubar a terra, como deve ser feita a colheita e a torrefação, princípios básicos para a qualidade final do produto.

As propriedades produtoras baianas estão estimadas em 10 mil, das quais 50% são de pequenos produtores, 40% de médios, e apenas 10% são consideradas grandes, sendo que desta última apenas 5% apresentam áreas superiores a 100 hectares, concentradas no Oeste, onde a atividade é empresarial.

Além da cooperação técnica, o Governo do Estado oferecerá aos cafeicultores mais agilidade no escoamento do produto, por meio da construção da Via Expressa Baía de Todos os Santos, que ligará a BR-324 ao Porto de Salvador; da revitalização das rodovias federais no estado e da construção da Ferrovia Oeste-leste. A revitalização de áreas tradicionais no plantio do café (Vitória da Conquista, Brejões e Chapada Diamantina) também contribuirá com o aumento da produção.

Grande produtor

A Bahia é o quarto no ranking dos estados produtores de café, com 2,5 milhões de sacas por ano, sendo exportadas cerca de 800 mil. Minas Gerais é o primeiro no ranking, respondendo por 50% da produção nacional, seguido do Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná e Rondônia. No parque cafeeiro estadual predomina a produção de café Arábica (maior qualidade) com 76%, contra 24% de Café Robusta (menor qualidade).

Porém, a Bahia poderá ocupar terceiro lugar no ranking nacional, já que o em São Paulo o café está perdendo espaço para o cultivo da cana-de-açúcar e da laranja. A Bahia possui aproximadamente 135 mil hectares de área plantada, espalhados por 167 municípios. Destes, em pelo menos 80 esta atividade já se apresenta de forma importante, e em outros 30 se sobressai como de relevante importância econômica. O estado chega a empregar cerca de 250 mil trabalhadores, podendo chegar a 350 mil em época de colheita.

Em todo Brasil são produzidas 30 milhões de sacas de café. Daqui a cinco anos, o país deverá produzir mais de 20 milhões de sacas apenas para atender ao mercado externo.