Desenvolver um trabalho conjunto entre os povos indígenas e o Estado, comercializar e divulgar a arte popular indígena e dar um encaminhamento às necessidades apontadas pelas comunidades são algumas das propostas apresentadas para discussão do Encontro das Culturas dos 14 povos indígenas, E-14. O encontro, que terá atividades na Praça do Campo Grande e no Teatro Castro Alves (TCA), acontece na manhã desta terça-feira (10).

Segundo o coordenador do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), Hirton Fernandes, o objetivo do encontro “é o encaminhamento conjunto das demandas apontadas pelos grupos que se reuniram durante o E-14”. Para ele, “o Encontro organiza as relações institucionais entre o Estado e o povo indígena”, proporcionando uma oportunidade de diálogo e articulação, para que o governo cumpra o seu papel de promover políticas públicas.

Para o coordenador de Políticas para os Povos Indígenas da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), Jerry Matalawê, a ocasião “dá visibilidade ao encontro de povos indígenas que aconteceu em Rodelas, em outubro de 2008, e continuidade aos encaminhamentos propostos naquele encontro”, além de unificar propostas e divulgar em espaço público as tradições das diversas comunidades indígenas.

A construção e realização do E-14 é o resultado de articulações da Secult/Núcleo de Culturas Populares e Identitárias em parceria com a SJCDH e as Secretarias de Educação, Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, Meio Ambiente, além da Funai – Fundação Nacional do Índio e suas representações estaduais, lideranças indígenas Pataxó, Kiriri e Tuxá, as Universidades Federal e Católica da Bahia, além da Associação Nacional de Apoio Indigenista (Anai).

Programação

Como forma de incentivar e divulgar a cultura popular, a abertura do evento será realizada na Praça do Campo Grande, com uma exposição de arte indígena, organizada pela Secult, em parceria com o Instituto Mauá. Na ocasião, os produtos que estarão expostos – artefatos em madeira, barro, instrumentos musicais e utensílios – serão vendidos ao público.

Ainda nesta terça-feira (10), às 17h30, 150 índios de diversas comunidades vão realizar um ritual sagrado – o ritual do Toré, comum a todos os povos da América. Durante o ritual, os índios se reunirão aos pés do Caboclo – estátua localizada no centro do Campo Grande – e entoarão cânticos tradicionais, buscando uma conexão com as forças da natureza.

Às 19h, será aberta no foyer do TCA a exposição “Os Tupinambá de Kirimuré", organizada pela professora do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia, Maria Hilda Baqueiro Paraíso. A exposição pretende mostrar a expropriação dos índios Tupinambá de Kirimuré, apontando a importância deste povo na construção, desenvolvimento, defesa e resistência da capital da América Portuguesa dos séculos 16 e 17.

Na oportunidade, será apresentado um documentário dirigido por Walter da Silveira, que conta as tradições culturais dos indígenas. O vídeo de 52 minutos que será exibido a partir das 20h, narra, por meio de entrevistas e imagens, os mitos, lendas, crenças, pinturas e rituais das comunidades indígenas da Bahia.

Encontro das Culturas dos 14 povos indígenas

No ano passado, o E-14 foi realizado durante o mês de outubro e discutiu a necessidade de incentivo cultural, inclusão digital, realização de pesquisas, mapeamento, registro e publicação de dados referentes às origens e tradições dos povos indígenas. O evento que aconteceu na aldeia Tuxá, em Rodelas, reuniu 500 pessoas, dentre os quais, 266 representantes indígenas dos povos Atikum, Kaimbê, Kiriri, Kantaruré, Pankararé, Pankaru, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Payayá, Truká, Tumbalalá, Tupã, Tupinambá, Tuxá E Xucuru-Kariri.

O E-14 surge como um divisor de águas, marcando o desenvolvimento de um trabalho conjunto entre os povos indígenas e o Estado. A reunião deste ano e atividades que serão realizadas durante o evento são resultantes das questões levantadas durante o encontro do ano passado e da construção de experiências vividas, e trocadas, entre índios e representantes da sociedade civil organizada.