Até julho deste ano, devem ser finalizados os estudos que fundamentarão o registro dos Afoxés como Patrimônio Imaterial da Bahia. As pesquisas são realizadas por equipe multidisciplinar do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), autarquia da secretaria de Cultura do Estado que, também, já elaborou dossiês sobre outros bens intangíveis, como a Capoeira, o Cortejo do 2 de Julho, a Festa de Santa Bárbara e o Carnaval de Maragojipe, manifestações culturais que, hoje, já são patrimônios imateriais da Bahia.

De acordo com o diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça, as ações de salvaguarda do registro – utilizado para os bens imateriais – ou, do tombamento – para bens materiais – permitem maior proteção dos poderes públicos para com esses acervos culturais. “É fundamental que todos tenham conhecimento dos benefícios efetivos que o tombamento e o registro podem trazer”, explica Mendonça. Segundo o diretor, o reconhecimento oficial garante, por exemplo, que esses bens, tombados ou registrados, tenham prioridade em todas as linhas de financiamento de programas culturais dos Municípios, Estados e da União.

A autorização para início dos trabalhos de registro dos Afoxés foi assinada pelo Governador Jaques Wagner em 11 de fevereiro deste ano, durante solenidade no Teatro Castro Alves. Os Afoxés foram, ainda, tema da decoração de Carnaval de Salvador e do Pelourinho, este último promovido pelo IPAC/Secult.

Após finalizar a pesquisa, o Ipac envia o dossiê ao Conselho Estadual de Cultura (CEC), que pode acatar, ou não, sugerindo complementações e novas pesquisas. Após o aceite do CEC, o processo segue para a Secult, que encaminha para a apreciação do Governador e, finalmente, para publicação do decreto no Diário Oficial do Estado.

Além da análise de jornais datados de 1895 até os dias de hoje, os técnicos do Ipac realizam levantamentos bibliográficos e de documentos antigos, pesquisam fotografias, imagens de cinema e vídeo já produzidas sobre Afoxés, e realizam entrevistas com os Filhos de Gandhy, Filhas de Olorum, Filhas de Gandhy, Korim Efan, Filhos do Congo e Pae Burokô, entre outros. O Ipac promoverá, ainda, o Ciclo de Palestras da Cultura Afoxés, onde serão discutidas ações de conscientização e preservação dessas entidades.

Os Afoxés foram a primeira entidade negra a desfilar no Carnaval de Salvador. “Toda manifestação cultural que traduz nossa história deve ser preservada e, para isso, no caso dos Afoxés, precisamos saber do estilo, música, ritmo e demais propriedades desse bem cultural”, ressalta a pesquisadora da equipe do Ipac, Nívea Alves.

O IPAC deve enviar convites de entrevistas, também, para Nadinho do Congo, atual presidente da Associação dos Afoxés, o compositor Gilberto Gil, que há 30 anos desfila no Ghandy e o Mestre Didi, entre outras personalidades.

Outras informações sobre os trabalhos de bens intangíveis do Ipac são disponibilizadas na Gepel/Ipac, através dos telefones (71) 3116-6731 e 3116-6726, ou no site www.ipac.ba.gov.br .