Economizar água, reciclar o lixo e não poluir o rio Catolé, que abastece o município de Itapetinga (distante 580 quilômetros de Salvador), são algumas ações que Daphini Alves e Felícia Almeida, 16 anos, adotaram na região para preservar os recursos naturais locais. Alunas da Escola Estadual Alfredo Dutra, as duas reconhecem a importância de debater o tema para garantir a conservação do meio ambiente para as gerações futuras.

“As pessoas não se conscientizam cedo, não têm ideia de que pequenas atitudes podem mudar o planeta”, defendeu Daphini. Na opinião de Felícia, a situação está se agravando e as consequências são irreversíveis. “O rio está poluído, as ruas estão sujas e os dias estão mais quentes, efeito do aquecimento global”, pontuou a estudante.

Para mudar essa realidade e propor alternativas sustentáveis por meio da Lei Estadual de Educação Ambiental, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), em parceria com a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (Ciea), está identificando conflitos socioambientais e potencialidades dos 26 Territórios de Identidade do estado, por meio do Seminário de Consulta Pública da Minuta do Projeto da Lei de Educação Ambiental.

O território de Itapetinga, que abrange 13 municípios da região, foi o 18º a realizar o seminário. O evento terminou nesta terça-feira (31) e teve a participação de mais de 280 representantes de comunidades tradicionais, sociedade civil, universidades, poder público e alunos da rede estadual.

Na opinião do secretário estadual do Meio Ambiente, Juliano Matos, a consulta pública vai auxiliar o governo na formulação da política de educação ambiental. “A finalidade é ter uma lei legítima, num processo que só se constrói com transparência, diálogo e participação”, defendeu Matos, ao destacar que área ambiental é planetária e tem consequências no mundo inteiro.

Para o articulador do Território de Itapetinga, Guilherme Rosa, o desmatamento irregular, as queimadas para pastagem e a poluição dos rios, principalmente do Catolé, que abastece a região, são os principais problemas ambientais locais. “A lei só é legal quando é legítima e tem a participação dos maiores interessados que são o povo”, defendeu Rosa.

De acordo com a representa da Ciea no seminário, Lucimeire Passos, a iniciativa possibilita que políticas públicas contemplem a realidade local, já que peculiaridades da região serão registradas durante a consulta. “Não é só discutir a minuta da lei, mas mapear a educação ambiental e alocar recursos para a gestão ambiental local”, disse.