Os delegados Bernardino Brito Filho, diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin) e José Nélis Júnior, coordenador da 8ª Coordenadoria Regional de Polícia (8ª Coorpin), com sede em Teixeira de Freitas (extremo sul do estado) apresentaram, na manhã desta quinta-feira (26), na sede da Polícia Civil, na Piedade, o ex-jogador de futebol Janken Ferraz, de 28 anos, acusado de matar em São Paulo a ex-mulher Ana Cláudia Melo e Silva, 18, e fugir com o filho do casal para a Bahia.

Preso na quarta-feira (25) no povoado de Posto da Mata, município de Nova Viçosa (a 890 quilômetros de Salvador), Janken confessou a autoria do crime. Ele embarca na tarde de hoje para São Paulo, escoltado por um delegado e dois agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O delegado Nélis Júnior disse que ao ser comunicado do caso por policiais paulistas e da possibilidade de o acusado ter vindo para a casa de parentes, em Teixeira de Freitas, passou acompanhar a família dele em outros municípios do extremo sul. As buscas estenderam-se até a divisa da Bahia com Minas Gerais, quando ontem os agentes constataram grande movimentação na casa de um dos parentes do ex-jogador. Percebendo a aproximação da polícia, mesmo antes da abordagem, ele entregou-se tranquilamente, como relata o delegado.

Janken foi conduzido para a Delegacia de Teixeira de Freitas, tendo os policiais constatado que o filho menor do casal, de 2 anos, estava com a mãe do ex-jogador, ainda na localidade de Posto da Mata. A criança foi localizada 30 minutos depois. O homicida apresenta ferimento no rosto e em uma das mãos, em decorrência da briga com a mulher, na hora do assassinato. Por causa disso, teve de ser submetido a exame de corpo de delito no Departamento de Polícia Técnica antes de ser transferido para São Paulo, onde tem prisão decretada.

A principio, Janken confessou o crime aos policiais, alegando ter sido provocado pela vítima, por conta de um novo relacionamento dela, contudo, afirmou que não planejou o homicídio, pois no domingo (22) tinha saído com a vítima e o filho para uma partida de futebol. Ao retornar em casa, observou que Ana Cláudia tinha recebido uma mensagem no celular e tentou tomar o aparelho dela, gerando a briga que resultou no assassinato.

De acordo com o delegado José Nélis, o telefone celular (com várias mensagens gravadas) foi apreendido e entregue aos policiais paulistas. A chamada teria sido de um jogador de futebol. Segundo Janken, o filho não assistiu ao crime, uma vez que se encontrava em um quarto. Depois de constatar a morte de Ana Cláudia, ele pegou o filho e fugiu de São Paulo em um táxi, vindo parar em Teixeira de Freitas.

O coordenador da 8ª Coorpin informou que Janken jogou futebol com a identidade do irmão José Roberto Evangelista, 22 anos, até 2006, quando atuava pelo Mogi Mirim, clube do interior de São Paulo. José Roberto, na época, foi preso em flagrante com drogas, em Teixeira de Freitas. Mesmo após a prisão do irmão, Janken atuou por mais quatro meses, mas decidiu encerrar a carreira, pois não tinha como se identificar como o irmão. Ele declarou ainda que chegou a ser convocado para a Seleção Brasil, Sub-16 e Sub 17.

Ao ser apresentado à imprensa, durante entrevista coletiva, encobrindo o rosto com um boné, Janken preferiu não prestar declarações. Disse apenas que só falará em São Paulo, na presença do seu advogado. Ficou emocionado ao ser questionado sobre o filho, que se encontra com o Conselho Tutelar, em Teixeira de Freitas. A família da mãe de Ana Cláudia tem a guarda da criança, cuja manutenção depende de uma decisão da Justiça paulista.

Amanhã (27), o ex-atleta prestará depoimento em São Paulo e será indiciado por homicídio e por ter fugido com o filho, seguindo, posteriormente, para um Centro de Detenção Provisória (CDP). Janken vinha sendo procurado desde domingo (22), última vez em que foi visto em São Paulo. As câmeras de segurança do prédio onde moravam a ex-mulher e o filho dele registraram a chegada do casal e da criança pouco antes das 20 horas. Trinta e nove minutos depois, Janken saiu com o filho, usando uma camisa diferente daquela com que entrou no edifício. Um vizinho que ouviu uma discussão entre o casal chamou o porteiro, que entrou no apartamento e encontrou Ana Cláudia morta.