A Bahia deve receber cerca de 50 eventos relacionados ao Ano da França no Brasil até o final de 2009. O calendário de eventos previsto para a Bahia é amplo e diversificado, fruto de parcerias entre o governo francês, através dos Serviços de Cooperação e Ação Cultural no Brasil (Scac) – Salvador/Antena de Recife, Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e várias instituições locais e nacionais. Atrações de música, artes visuais, audiovisuais e artes cênicas respondem por mais de 50% de toda a programação.

Na próxima quarta-feira (22), às 19h, será a abertura da exposição Culturas Crioulas: Olhares Cruzados, um trabalho coletivo resultado do intercâmbio entre os jovens artistas plásticos da Escola de Belas Artes da Ilha da Reunião, departamento francês situado no Oceano Índico, e artistas da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Na quinta-feira, às 20h, no Teatro Vila Velha, será apresentado o espetáculo #im3, da Cia. Toufik Oudrhiri Idrissi, que integra a programação do Mês da Dança. Criada em 1997, a companhia questiona nas suas coreografias as conexões que o homem cria entre o seu espaço mental e o seu ambiente.

Coreógrafo e intérprete, o marroquino Toufik desenvolve trabalhos que colocam em discussão a nudez. Algumas de suas peças também são acompanhadas por pesquisa fotográfica e de vídeo.

Ainda no âmbito do Ano da França, o trabalho de Toufik se estende por alguns meses na Bahia, onde participa de um processo de criação conjunta com a Cia. Viladança, graças ao apoio da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). O espetáculo tem estréia marcada para setembro.

Outro destaque que integra a programação oficial do evento, em cartaz até 21 de maio, no Centro Cultural dos Correios (Pelourinho), é a exposição Open Art, que reúne 23 artistas baianos e franceses num intercâmbio não só de arte, mas de olhares, linguagens e experiências. A mostra é resultado do processo de um ano engendrado pelos artistas plásticos Polô Czermak, da França, e Maria Luedy, da Bahia.

Secult é principal parceira

Ao lado do governo francês, a Secult é a principal articuladora dos eventos na Bahia. Através de chamadas públicas, a secretaria está disponibilizando R$ 1,2 milhão, via Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), para projetos artísticos referentes ao Ano da França no Brasil chancelados pelo Comitê Misto Brasil-França.

Segundo a adida de cooperação cultural da França na Bahia por meio dos Serviços de Cooperação e Ação Cultural no Brasil (Scac) – Salvador/Antena de Recife, Irène Kirsch, o calendário qualificado foi possível “graças ao investimento do governo baiano, não só em recursos financeiros como também em energia, um sinal, uma demonstração de que existe uma verdadeira cooperação França-Bahia”.

A primeira chamada pública teve inscrições encerradas em 27 de fevereiro. Dos nove projetos inscritos, cinco foram selecionados para receber recursos do Fundo de Cultura da Bahia: a exposição Paris de Pierre Verger, Residência Artística Sacatar Ano da França no Brasil, o evento musical Praia da Bahia, o espetáculo franco-baiano Tempestade no Paralelo Sul 13 e as peças dirigidas pelo francês Philipp Boulay, Combate de Negro e de Cães e Tabataba. As inscrições para a segunda seleção de projetos podem ser feitas até 1º de maio.

Atrações têm visibilidade internacional

Uma das atrações mais aguardadas do Ano da França no Brasil é a exposição Cuide de Você (Prenez Soin de Vous), de Sophie Calle. Com textos, fotos e performances de mais de 100 mulheres que interpretam, a convite da artista, uma carta de rompimento recebida por ela de um amante, a exposição exemplifica a singularidade da obra de Calle, que transita na fronteiras entre a vida pública e privada e expõe intimidades próprias e alheias para revelar vulnerabilidades.

Artista plástica, fotógrafa, performer e escritora francesa, Sophie Calle é uma das artistas contemporâneas mais importantes no cenário mundial das artes, representante da França na 52ª Bienal de Veneza, em 2007. Convidada da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), ela abre exposição na Bahia em setembro, no Museu de Arte Moderna.

O Ano da França no Brasil termina em novembro com dois projetos importantes para o cenário musical: a inauguração do Centro de Músicas Negras, no Museu do Ritmo, e o Festival de Músicas Mestiças, com participação de artistas africanos, caribenhos, brasileiros e baianos.

O festival deve acontecer nos dias 12, 13 e 14 de novembro e é considerado um dos eventos musicais mais importantes do mundo, tendo revelado nos seus 30 anos de existência nomes da world music, a exemplo de Cesária Évora. Os dois projetos têm o apoio institucional da Secult e patrocínio do Ministério da Cultura.

“Estamos felizes pela qualidade e diversidade dos projetos selecionados e que já vão acontecer nesse primeiro semestre. Com isso, atendemos ao objetivo de articular um calendário de eventos para o Ano da França na Bahia. Conseguimos atrair um conjunto de projetos que vai contribuir para a construção de espaços permanentes de trocas e intercâmbios culturais entre a França e a Bahia”, disse a assessora de Relações Internacionais da Secult, Monique Badaró.

A grade de programação completa, com os eventos e as atrações do Ano da França no Brasil/Edição Bahia, pode ser vista no www.cultura.ba.gov.br.