Durante cinco dias consecutivos, a Aldeia Pataxó, em Coroa Vermelha, onde foi celebrada a Primeira Missa do Brasil, foi palco da 9º edição dos Jogos Indígenas Pataxó, com o objetivo de integrar os povos indígenas. Na manhã desta quarta-feira (22) ocorreu a premiação dos vencedores.

Todas as equipes receberam um troféu característico da cultura indígena, símbolo do cocar que representa a resistência e a sabedoria do povo Pataxó. E cada atleta ganhou medalha (feita de coco com traços da pintura indígena) e certificado.

Sem caráter competitivo, o evento contou com apoio do Governo do Estado, por meio da Superintendência dos Desportos da Bahia (Sudesb). “O que prevalece é a congregação e a troca de conhecimento cultural. O mais importante não é a competição, e sim a celebração, a união e a força do povo indígena”, ressaltou o locutor oficial dos jogos, Jaguatiri Pataxó.

Os Jogos Pataxó reuniram aproximadamente dois mil participantes. O encerramento das atividades esportivas aconteceu no inicio da noite de terça (21), após a realização da luta corporal e cabo de guerra. Mas foi à corrida com tora feminina, o destaque do dia, onde, pela primeira vez, ocorreu a disputa entre mulheres.

Em seguida, o público foi presenteado com uma apresentação do ritual do fogo. Foram momentos de integração, confraternização e muita criatividade. Os índios entraram na arena, vestidos com tangas, cocar e com o corpo pintado. Na partida de futebol, o árbitro utilizou como bandeira uma palha de bananeira.

O representante cultural Mero Pataxó há nove anos participa da organização dos jogos. “Nosso evento sempre teve o intuito de promover a integração e troca de conhecimentos das culturas indígenas. No início, as atividades eram internas, com índios da nossa aldeia. Porém, foi em 2008, a partir do apoio do Governo do Estado, que conseguimos expandir e trazer diversas etnias para participar”, afirmou Mero.

Turismo

Os jogos também movimentaram o turismo da cidade. Visitantes de diversos estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, apreciaram o evento e foram convidados pelos organizadores a participar das modalidades em disputa. Os gaúchos Jenário Santos e Fabiano Godim ficaram empolgados com a corrida de tora e resolveram experimentar.

Como brinde, eles receberam a camisa do evento, que prometeram guardar como lembrança, e voltar no próximo ano. “É a primeira vez que participamos de um evento esportivo e cultural bonito como este. É maravilho estar aqui. A iniciativa resgata grande parte da nossa história, que já foi esquecida por muitos”.

Etnias participantes

Pataxó, Pataxó Hãhãhãe e Tupinambá, divididos em dezesseis equipes – Paraná Porán, Caramuru, Pé do Monte, Boca da Mata, Meio da Mata, Impiriba, Barra Velha, Aldeia Velha, Escola Kijêtxawê, Aroeira, Jakira, Torcoté, Tapurumá, Turutarí, Nova Coroa e Birai.