A crise mundial não pode ser impedimento para o debate e a reivindicação de políticas públicas pela superação das desigualdades raciais no Brasil. Esta foi a tônica da abertura da 1ª Conferência Regional de Promoção da Igualdade Racial, nesta quarta-feira (22), em Camaçari, onde o debate segue até esta quinta, com representantes também de Candeias e Simões Filho.

Plenárias semelhantes estão sendo realizadas, até 5 de maio, por outros 133 municípios baianos, visando a preparação para as versões estadual e nacional do debate, que acontecerão, respectivamente, de 24 a 26 de maio, em Salvador, e de 23 a 25 de junho, em Brasília. O objetivo é a avaliação dos avanços, desafios e perspectivas da política estadual de promoção da igualdade racial na Bahia.

“Não podemos limitar os nossos sonhos”, declarou a secretária de Promoção da Igualdade, Luiza Bairros, alertando, entretanto, para a necessidade de priorização de propostas que possam ter conseqüências, independentemente de fatores como a crise mundial.

O prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, ratificou a fala da secretária, assegurando que a crise não tem sido motivo para que “as coisas deixem de acontecer em seu município” e, portanto, não pode emperrar os avanços das políticas de promoção da igualdade.

Coordenador da Dança de São Gonçalo, manifestação cultural de origem negra conhecida nacionalmente, Juarez Pereira da Conceição, da comunidade Quilombola Pitanga de Palmares, de Simões Filho, disse que “nada pode impedir o debate sobre as questões que afetam a população negra há séculos”.

Para ele, a conferência é o lugar onde se pode “botar tudo em pratos limpos”. Na mesma linha de raciocínio, a secretária Luíza Bairros explicou que as conferências são, justamente, os espaços de diálogo e de repactuação entre a sociedade civil e o estado, dos princípios, diretrizes e ações, aprovados na I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em 2005.

“Não basta apenas a luta do movimento negro ao longo dos anos, porque determinadas questões precisam ser institucionalizadas”, lembrou ainda Bairros, indicando a possibilidade de sair propostas para a construção do plano municipal de políticas de promoção da igualdade racial, documento que deverá refletir as demandas locais.