Vídeo, website, jornalzinho informativo, varal de fotos, programa de rádio, apresentação percussiva, bonecos reciclados, fantoches e manifesto de artes plásticas. Estes foram alguns dos produtos resultantes do “II Encontro de Juventude e Educomunicação Socioambiental – Eu Sou Corrente” promovido pelo Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá) entre 23 e 26 de abril, na cidade de Santana, no oeste baiano.

Cerca de 300 jovens educadores, estudantes e comunicadores de 14 municípios banhados pela bacia hidrográfica do Rio Corrente, além de lideranças locais e gestores públicos, participaram de uma intensa maratona de atividades lúdicas e discursivas envolvendo plenárias, palestras e oficinas de mapeamento, educomunicação e artes.

O encontro faz parte do Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade (PEAS) do Ingá e teve como objetivo ampliar o contato dos participantes com diversas tecnologias de informação e comunicação, aliadas a uma prática educativa e comunitária, visando, sobretudo, os cuidados com as águas da bacia do Rio Corrente.

Além dos produtos criados durante as oficinas, o encontro possibilitou o afinamento de discussões, da pactuação de compromissos de atuação e intervenção na realidade dos municípios, aprimorando as práticas de proteção dos rios e educação ambiental sustentável no território.

De acordo com a gestora ambiental do Ingá, Vanja Brito, discutir questões socioambientais como essas, de maneira horizontal, permite a inserção de jovens nos espaços de poder e estimula iniciativas de fomento às práticas sustentáveis. “O que a gente quer com esse encontro é, além de mobilizar jovens, possibilitar o acesso à reflexão sobre a região para que os meios ao seu alcance sejam usados no cuidado com as águas e com o meio ambiente”, defende.

Para o participante Luiz Ricardo Braga, 23 anos, representante da Diretoria Regional de Educação de Bom Jesus da Lapa e morador de São Félix do Coribe, o encontro foi ímpar e proveitoso. “Considero que a produção emanou do povo. Os mediadores foram excelentes, deu pra ter noção da relação do meio ambiente e tecnologias, se apropriando de um e não desvalorizando o outro. Foi uma coisa que chegou e marcou. As pessoas voltam para sua cidade querendo continuar a fazer. Apesar do tempo curto, cumpriu com o seu objetivo. Em suma, foi um trabalho feito por gente da gente”, avalia.

Realidade local

Egressos de municípios banhados pelo Rio Corrente – tais quais Brejolândia, Tabocas do Brejo Velho, Santa Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa, Correntina, Canápolis, São Félix do Coribe, Coribe, Jaborandi, Santana, Serra Dourada, Sítio do Mato, Cocos e Serra do Ramalho – trocaram experiências e realizaram interfaces comparativas e avaliativas dos conflitos e potencialidades relacionados à bacia onde residem.

Durante as plenárias, o desmatamento, as carvoarias e as atividades agropecuárias foram apontados como fatores preponderantes para o desequilíbrio ambiental da região. Os participantes também levantaram problemas como a falta de saneamento, o lançamento de efluentes sem tratamento nos rios e as disputas pela terra, conhecidas como grilagem.

Por outro lado, apontaram ações de educação ambiental nas escolas e comunidades e suas perspectivas de atuação, através do uso dos instrumentos de educomunicação com ao quais tiveram contato.

Além dos “oficineiros”, participaram do encontro representantes da Assessoria para Povos e Comunidades Tradicionais do Ingá, Ibama, Secretaria de Cultura do Estado, Secretaria de Relações Institucionais, do município de Santana e movimentos sociais.

Os produtos das oficinas podem ser acessados na página eletrônica construída pelos participantes do encontro em www.maiscorrente.webnode.com.