Mesmo diante do cenário de crise, a economia baiana poderá crescer em 2009. As projeções indicam que o Produto Interno Bruto baiano poderá crescer 2,2% este ano. A previsão de expansão é menor do que as registradas em 2006 (2,7%), 2007 (4,5%) e 2008 (4,8%), mas indica que o estado deverá crescer acima da média nacional e não seguirá a tendência de recessão econômica que afetará grande parte das economias mundiais. Projeções do Ministério da Fazenda e do Banco Central estimam que o PIB nacional deverá ficar em torno de 2,0% e 1,2%, respectivamente.

As projeções do crescimento baiano são da Coordenação de Acompanhamento Conjuntural (CAC) da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan). A previsão é realizada com base em modelagem econométrica e serve para balizar as projeções de receita e despesa do Estado na elaboração do Orçamento.

“Sinalizamos que este primeiro trimestre ainda é de retração na economia baiana, com possibilidade de queda no PIB. O setor de serviços é o único que deverá sustentar crescimento neste período. Mas, nos trimestres subsequentes a projeção da SEI é de tendência de crescimento, com o PIB expandindo progressivamente ao longos dos trimestres, podendo alcançar a média de 2,2% no ano de 2009. Serviços deve ter o melhor desempenho entre os grupos, em torno de 3,1%, seguido da agropecuária (1,8%) e da indústria (0,8%)”, explica o diretor-geral da SEI, Geraldo Reis.

O setor de serviços é o de maior peso na economia do estado, respondendo por cerca de 62% das riquezas, e é o que sofre menor influencia do mercado externo. O setor é bastante influenciado pelos investimentos públicos, em especial na saúde e na educação, e pelo comércio, que vem em ritmo de expansão há cinco anos, apesar de estar um pouco reprimido, neste início de ano, em função da redução da concessão de crédito. Este segmento é menos impactado pela crise porque não depende de demandas externas. Sua produção e consumo são internos.

A recuperação do salário mínimo, que este ano teve ganho real de 6%, os programas de transferência de renda e a relativa estabilidade da taxa de desemprego também colaboram para o desempenho do setor de Serviços, potencializando especialmente o consumo das famílias, que representa cerca de 60% do PIB. O consumo pode ser observado pelo segmento de supermercados, produtos alimentícios, bebida e fumo, que cresceu em média 7% nos últimos três anos. O setor de Serviços deverá ter um bom desemprenho no primeiro trimestre, com melhores resultados ao longo de 2009.

Para a indústria e a agropecuária, as expectativas são de queda no primeiro trimestre, seguindo trajetória ascendente e encerrando o ano com médias positivas. O setor agropecuário deve fechar 2009 com resultado em torno de 1,8%, número não tão expressivo quanto os crescimentos registrados em 2007 e 2008, de 6% e 7%.

No ano, segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE), a safra de grãos na Bahia terá retração de 2,7%. Alguns dos principais produtos do agronegócio baiano devem sofrer queda de produção, a exemplo da soja (-8,6%), algodão (-2,6%) e mandioca (-10%). Em compensação, será ano de boa safra para o feijão, com 24,7% de aumento na produção, o que deve colaborar para uma queda de preços deste produto para o consumidor.

Indústria

Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia mundial irá cair de 0,5% a 1% em 2009. Esta retração tem impactos diretos na indústria baiana, que, no primeiro trimestre, deverá ter a maior queda entre os grandes grupos que compõem o PIB. A recuperação virá a partir do segundo período do ano, com crescimentos consecutivos, resultando em leve expansão de 0,8% em 2009.

O impacto da crise recai especialmente nos segmentos da transformação voltados ao mercado externo, a exemplo da petroquímica, papel e celulose e metalurgia. A indústria de transformação deve expandir cerca de 1% na Bahia em 2009, enquanto a previsão para o Brasil é de estabilidade. “A recuperação será a partir do segundo trimestre, com os efeitos das ações que o governo já está tomando para estimular o setor”, ressalta o economista da SEI, Luiz Mário Vieira.

Para a construção civil, a projeção é de crescimento de 4% este ano. No ano passado, o incremento foi de 8%. Este segmento é bastante impactado pela redução na concessão de crédito.

“Para confirmarmos este cenário projetado pela SEI ao longo de 2009, são de extrema importância os esforços tanto do setor privado, quanto do setor público. A expansão industrial deverá ser sustentada com os investimentos que vêm sendo anunciados pelo governo com o ritmo mais intenso das obras do PAC, o plano habitacional e as reduções fiscais para segmentos de materiais de construção e automotivos, com algumas alíquotas chegando a zero. A expectativa é de que essas medidas atraiam mais investimentos privados”, finaliza Geraldo Reis.

Projeções do Produto Interno Bruto em taxas de crescimento (Bahia, 2009) (%)

PeríodoAgropecuáriaIndústriaServiçosPIB Bahia
Ano1,80,83,12,2

Fonte: Coordenação de Acompanhamento Conjuntural (CAC/ SEI)