A partir de convênio assinado com a Secretaria da Saúde (Sesab), em junho do ano passado, a Associação de Proteção Animal Célula Mãe, entidade sem fins lucrativos que atua na promoção do bem-estar e respeito aos animais, conseguiu esterilizar, num período de nove meses (entre junho de 2008 e fevereiro desse ano), 1.572 cães e gatos de rua, carentes e semidomiciliados, em Salvador e Região Metropolitana.

Segundo a coordenadora da Célula Mãe, Janaína Rios, como a média de ninhada de cada animal é de oito filhotes, o trabalho viabilizado pelo convênio entre a ONG e a Sesab, garantindo a compra de material cirúrgico, transporte e serviço veterinário, representa aproximadamente 12,5 mil animais a menos nas ruas, ou seja, menos registros de maus tratos aos animais e menos zoonoses.

O programa Célula Mãe atua de modo informal desde 2004 e foi formalizado em 2006, com a finalidade de promover o controle populacional de animais carentes e a educação das comunidades para a posse responsável, como estratégia de atingir a raiz do abandono e maus tratos a animais. A associação busca interligar profissionais, em particular médicos veterinários, saúde pública, proteção animal, voluntários e a sociedade em geral, e atua principalmente em áreas mais carentes da cidade, inclusive nas invasões.

O convênio com a Sesab, de acordo com Janaína Rios, possibilitou que além do trabalho de rotina, a entidade realize, semanalmente, mutirões de esterilização. Os mutirões, interrompidos no mês de fevereiro por motivos técnicos, estarão sendo retomados nos próximos dias e beneficiarão, entre outras áreas, o Comércio, Federação, Cosme de Farias, Tancredo Neves, Brotas e as estações de transbordo – Pirajá, Mussurunga e Lapa. “O apoio da Sesab foi de grande importância para a Célula Mãe e demonstra a preocupação do secretário Jorge Solla com o bem-estar da população animal e humana, já que o animal faz parte, de forma irreversível, do convívio com o ser humano”, enfatiza a coordenadora da entidade.

Protetores

Contabilizando mais de 4,5 mil animais esterilizados, a Célula Mãe, para realizar o trabalho de esterilização e posse responsável dos animais, tem a colaboração de clínicas veterinárias e, principalmente, dos chamados protetores, que são moradores de comunidades carentes que gostam de animais e sinalizam para a necessidade de intervenção da entidade. Janaina Rios explica que os animais identificados como de rua ou semidomiciliados – que passam o dia na rua, mas possuem algum referencial – são direcionados às clínicas veterinárias parceiras para que sejam submetidos à esterilização cirúrgica e acompanhamento pós-cirúrgico.

Entre as comunidades já contempladas com os mutirões realizados pela Célula Mãe, a coordenadora da ONG aponta os bairros de Vida Nova (Lauro de Freitas), Itinga, Cajazeiras, Cosme de Farias, Engenho Velho de Brotas, e o Complexo Penitenciário Lemos de Brito.

“Pretendemos agora fazer um trabalho no presídio, voltado para a população felina, que é predominante na unidade prisional”, conta Janaina Rios.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza a esterilização cirúrgica e a educação para a posse responsável, ao invés do extermínio indiscriminado, como a forma de combate eficaz e humanitária às zoonoses. A superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde da Sesab, Lorene Pinto, considera a atuação da Célula Mãe muito importante para o controle de doenças entre animais e entre animais e humanos, citando a raiva e a leishmaniose como agravos transmitidos ao homem pelos cães. A superintendente menciona ainda a cinomonose, doença muito frequente entre os cães, que pode ser transmitida para outros animais.