Publicada às 11:00
Atualizada às 14:30

A Bahia foi o estado nordestino com maior número de jovens capacitados pela segunda edição do Consórcio Social da Juventude Rural. Dos três mil jovens de baixa renda beneficiados pelo programa em sete estados do Nordeste, 1.245 são baianos, 42% do total.

Um grupo de 400 formandos, entre 16 e 24 anos, recebeu seus certificados de qualificação profissional na manhã desta sexta-feira (17), no Stella Maris Resort, em Salvador. O consórcio é uma ação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em parceria com o Governo da Bahia.

Tamile Souza Santos, 20 anos, moradora de Itacaré, no sul da Bahia, foi uma das beneficiadas. “Eu fiz o curso para garçom e, durante o treinamento, já consegui trabalho em um restaurante. É uma oportunidade para os jovens, a gente aprende mais e isso facilita a nossa inserção no mercado de trabalho”, comemorou.

Segundo Ellen dos Santos, outra beneficiada pelo consórcio, Camamu, município onde mora, apresenta muitas oportunidades de emprego e renda no segmento turístico. “Eu fiz o curso de agente de apoio ao turismo, que inclui cozinha, garçonete e inglês, que não pode faltar. Meu futuro seria mais difícil se não houvesse esta oportunidade”, refletiu.

Turismo

Segundo o governador Jaques Wagner, este é um grande momento. “Nós ficamos orgulhosos de saber que a Bahia é o estado que teve mais participações”. Wagner destacou que mais de 300 jovens foram qualificados para a área de turismo, o que é uma inovação.

Embora o consórcio seja voltado prioritariamente para populações de áreas rurais, a inserção do turismo entre os cursos de capacitação tem uma explicação lógica. “Tradicionalmente, alguém poderia imaginar que as qualificações do programa seriam só para a área rural. Nós temos uma preocupação com o turismo no interior do estado, então, ampliamos a participação e colocamos este grupo”, disse o governador.

O secretário do Reordenamento Agrário do MDA, Adhemar Lopes, explicou que as turmas de capacitação são organizadas levando-se em conta qual é a aptidão do município beneficiado pelo programa, o que possibilitou a inserção do turismo entre os cursos. “Nós temos muito claro que não adianta somente capacitar, é preciso também haver a oportunidade na região onde os jovens vão atuar”, comentou.

Lopes disse que a capacitação é realizada por Organizações Não Governamentais (Ongs) que participam de licitações para obter o contrato. “São instituições que já têm tradição em trabalhar com a juventude, garantindo assim o índice de sucesso deste programa”.

O secretário informou que, na primeira edição, houve um índice de aproveitamento de 53% de jovens ao término da capacitação, quando a expectativa era de apenas 30%. Nesta edição, este índice foi de 51%. “É um trabalho articulado com o Programa Nacional de Crédito Fundiário, para acesso à terra, e com o Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf)”.

Segundo a coordenadora do programa no Nordeste, Solange Leite, com a capacitação, os jovens são preparados para conseguir um emprego formal, para exercer atividades autônomas de geração de renda e para elaborar projetos de negócios. Assim, eles podem obter financiamentos e créditos para a compra de terras ou melhorar a produtividade das propriedades familiares.

Para Solange, a capacitação traz benefício não só para o indivíduo, mas para toda a região, pois o jovem se torna uma liderança e um agente do desenvolvimento local. “Eles passam a reconhecer o seu papel importante nestas comunidades”, observou.

Para o secretário do Planejamento, Valter Pinheiro, este programa é importante para a interiorização do desenvolvimento baiano. Ele informou ainda que as secretarias do Planejamento e da Agricultura estão trabalhando juntas para levar créditos para a juventude rural. “Além disto, integramos também as secretarias da Ciência e Tecnologia e da Cultura. A idéia é juntar geração de renda, artes e educação para os jovens que trabalham no campo”.

Recursos

Os recursos de aproximadamente R$ 5,4 milhões foram aplicados pelo Governo Federal, com uma contrapartida de R$ 240 mil do Governo do Estado, repassados pela Secretaria de Turismo. Segundo o secretário do Turismo, Domingos Leonelli, iniciativas como estas ajudam a reduzir os bolsões de pobreza que se formam no entorno das localidades turísticas.

“Qualificar os jovens e a comunidade significa também, no futuro, incluir itens regionais e da agricultura familiar na cesta de produtos de hotéis, pousadas e resorts”, opinou.

Na Bahia, a segunda fase do Consórcio da Juventude Rural atendeu 21 localidades de nove Territórios de Identidade (Chapada Diamantina, Semiárido Nordeste 2, Litoral Sul, Baixo Sul. Sisal, Recôncavo, Extremo Sul, Região Metropolitana e Vale do Juquiriçá).

Somente na Chapada Diamantina, 232 jovens, filhos de agricultores familiares e moradores da Zona Rural, participaram de 400 horas de curso de ecoturismo e produção associada ao setor, recebendo uma bolsa auxílio de R$ 600. No Sul do Estado, 310 pessoas foram beneficiadas com cursos de apoio ao turismo, garçom, cozinheiro, camareira e recepcionista.

Do total de jovens que participaram dos cursos de capacitação voltados para o turismo e produção associada na Chapada Diamantina, Litoral Sul e Extremo Sul, 247 já conquistaram vagas de no mercado de trabalho, o que corresponde a 41% dos beneficiados. O número está 10% acima da meta estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego.